Nos guarda-redes mora o segredo do sucesso
Alfredo Quintana & Humberto Gomes
Numa formidável Seleção Nacional de andebol em que quase todas as posições se mostram bem representadas, ainda assim há um nome que merece particular destaque: o do guarda-redes Alfredo Quintana, cubano de nascimento e dragão de profissão. Como de forma lapidar havia predito o gaulês Thierry Anti, treinador do Sporting: «No alto nível, para ter sucesso o que é preciso ter? Primeiro que tudo, um grande guarda-redes: e acho que Portugal tem dois excelentes guarda-redes, que podem decidir um jogo; depois é preciso ter uma defesa forte, e Portugal já mostrou que consegue ter uma defesa forte; e claro, no ataque, quem sabe? Talvez vá depender da eficácia do jogo 7x6. Mais do que do 6x6, em que acho que Portugal não é assim tão forte.»
E se Quintana provou, em definitivo, estar ao nível dos melhores oficiais do mundo nessa função, já Humberto Gomes, o suplente daquele, guarda-redes dos minhotos do ABC, e o mais velho atleta da Seleção, com os seus 42 anos, não conseguiu guardar as lágrimas da emoção após a exuberante vitória sobre a Hungria. Parecia um menino a chorar de alegria por ter recebido um presente tão desejado quanto inesperado. Mas essas lágrimas, ao invés de constrangerem, são medalhas inspiradoras para quem sente o desporto de verdade. E também exemplos para os atletas mais jovens que sonham em repetir tais feitos.
Paulinho
HÁ algum jogador português, a actuar nos nossos campeonatos ou em ligas estrangeiras, que seja um verdadeiro ponta de lança, avançado-centro ou número 9, como se lhe queira chamar, melhor do que o arsenalista Paulinho? Se há, não é do meu conhecimento - culpa minha. Mas ser o melhor em posição tão fulcral para qualquer equipa parece não chegar para ser parte da nossa Seleção Nacional de futebol. Donde a questão: para que clube deve ele mudar-se para poder passar a ser convocado para a equipa das quinas?
Uribe
Quando, no início da presente época, o colombiano Uribe foi apresentado como suposto reforço do FC Porto, dele disse o técnico portista que não era um jogador espectacular mas sim um espectáculo de jogador. Quanto à primeira premissa, julgo estarmos todos de acordo. Já quanto à segunda, permito-me discordar em absoluto. Não, Uribe não é mesmo um «espectáculo de jogador». Nem tão pouco melhor do que Loum, Sérgio Oliveira ou Romário Baró, já para não falar de Danilo. É mais uma espécie de Herrera. Como muito assertivamente já aqui o descreveu Miguel Sousa Tavares, Uribe «é um mau jogador e uma contratação falhada».
Carlos Sainz
Melhor do que um Carlos Sainz só dois Carlos Sainz. E se um é piloto oficial da equipa McLaren de Fórmula 1, já o outro, por duas vezes vencedor do Campeonato Mundial de Ralis, acaba de conquistar, aos 57 anos, o seu terceiro troféu como vencedor do Dakar. Interessante é verificar que outro espanhol, Fernando Alonso, o mais titulado de sempre, também participou nesta última edição da mítica prova. Isto depois de já ter corrido em F1 com o Sainz Jr.
Da metade que já foi e da outra que está por vir
Completada a primeira metade do campeonato já é possível enunciar algumas tendências e sublinhar alguns factos objectivos. Assim:
1. Se não estou em erro, as assistências aos jogos disputados no Dragão têm vindo a diminuir. Será porque os adeptos não gostam do que vão ver, ou porque acreditam cada vez menos, ou por ambas as razões, ou por nenhuma delas?
2. Completada a primeira volta ainda não há um onze-base. Mas esta começou como terminou - com derrotas. Na 1.ª jornada com o Gil Vicente, fora, e na última da primeira metade com o Braga, em casa. Por aqui se vê que a coerência nem sempre é, em si mesma, uma virtude.
3. É certo que há um ano o FC Porto também tinha sete pontos de vantagem sobre o Benfica e mesmo assim veio a perder para este o título. É também certo que agora, em situação simétrica, nada garante que o inverso não se possa repetir. Mas atenção: o técnico das águias já não é o mesmo que perdeu 7 pontos para os portistas. Ao contrário, é precisamente aquele que os recuperou.
Entrementes, façam-me lá o obséquio de conquistar a Taça da carica, perdão da Liga.