Brasil: Neymar é o maior regresso?
'JAM sessions ' é o espaço de opinião semanal do jornalista João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil
Qual dos regressos ao futebol brasileiro foi desportivamente o maior ? O de Neymar, agora, para o Santos? Ou o de Ronaldinho Gaúcho, em 2011, para o Flamengo? Ou o de Ronaldo fenómeno, em 2009, para o Corinthians? Ou o de Romário, em 1995, para o Fla?
Zico, Raí, Rivaldo, Bebeto, Adriano, Roberto Carlos, Kaká, Marcelo, Hulk, Juninho Pernambucano, Falcão, Taffarel, Luís Fabiano, entre muitos outros ídolos do futebol brasileiro que triunfaram na Europa e no mundo, também tiveram regressos muitos celebrados mas aqueles quatro, quase todos os observadores concordam, encabeçam a lista.
O de Neymar bate o de Ronaldinho Gaúcho num ponto: romantismo. O RG10, nascido e criado no Grêmio, permitiu que o gigante de Porto Alegre preparasse uma festa com palco e música no Estádio Olímpico mesmo já estando hospedado no Copacabana Palace contratado pelo Flamengo e a jurar amor eterno ao clube rubro-negro; o ex-Al Hilal, pelo contrário, regressa à casa onde cresceu depois do mesmo Fla, com o apelo de ter a maior torcida do país, e do Palmeiras, que além de endinheirado era o clube do coração do jogador na infância, o terem tentado seduzir.
Esse romantismo faltou ainda a Ronaldo fenómeno e, desta vez, deixando de coração partido o mengão, onde treinava para recuperar a forma. À última hora, o craque deixou-se seduzir pelo projeto de outro clube de massa, o Corinthians, e trocou o seu Rio de Janeiro por São Paulo.
Mas pior, em matéria de falta de sentimentalismo, foi o caso de Romário, que em vez de voltar para o Vasco da Gama, onde foi revelado, escolheu o Fla, maior rival dos cruzmaltinos, como porta de reentrada.
Romário, como Neymar, por outro lado era menos misterioso aos olhos dos compatriotas porque saiu relativamente tarde para a Europa, já depois de brilhar e conquistar muito no Brasil, ao contrário de Ronaldinho, que saiu logo com 20, para o PSG, e sobretudo, de Ronaldo, emigrante aos 17, no PSV.
No entanto, o ponto que desequilibra é outro. Ney, com as suas pernas de cristal, é uma incógnita física, assim como eram R9, atormentado por lesões em série, e RG10, atingido pelo peso de anos de boémia e decadência.
Já Romário, em 1995, mesmo sendo famoso também pela boémia, era nada menos do que o melhor do mundo em título após a conquista do Mundial-94 e anos triunfais no Barcelona — ganhou o prémio da FIFA fez quinta-feira 30 anos. O regresso dele ao Brasil seria, pois, comparável, do ponto de vista meramente desportivo, ao de Vinícius Júnior agora — e não ao de Neymar.
Os regressos do fenómeno, do Gaúcho e do Neymar são enormes mas o maior ainda é o do baixinho Romário.