OPINIÃO Limites à (p)residência
A propósito das eleições do FC Porto, até a gratidão desmesurada tem limites
Têm vindo a existir várias imposições de limites no futebol nacional. O último ato eleitoral do FC Porto é disso exemplo com 80,28% de votantes a traçar um ponto final na exagerada (p)residência de 42 anos. Até a gratidão desmesurada tem limites, tais foram as lágrimas e soluçar do candidato com o menor número de votos nestas eleições apesar de ter concorrido pela segunda vez para substituir quem, aparentemente, muito admira.
Já a Sporting SAD, na pessoa do seu presidente e restante corpo diretivo, também deve ter manifestado a sua (mais que) justificada insatisfação pela falta de respeito causada por uma viagem mal engendrada por Rúben Amorim e o seu empresário no papel. Depois de lhe terem renovado o contrato até 30 de junho de 2026 no seguimento de trocas de galhardetes públicos em outubro de 2022 e sem ainda ter ganho qualquer título na presente época (ainda que bem encaminhado), Amorim meteu-se a jeito ao se ter deixado fotografar a caminhar para o jato privado pago por David Sullivan, presidente do West Ham.
Asseguram, por terras de sua Majestade, que Amorim sairá de Lisboa se o Chelsea bater o salário que pretende bem como a cláusula liberatória (de rescisão) exigida pela sua atual entidade patronal. Por breves momentos, fez lembrar o seu ex-colega Grimaldo (coincidiram em 2015/16 e 2016/17, mas o português foi emprestado a um clube estrangeiro na primeira e não jogou na segunda) e a gestão do timing da saída deste do Benfica, porém, com uma enorme diferença: apesar de ter sido uma falta de respeito a apresentação na Alemanha com a Liga portuguesa ainda a decorrer, o lateral podia negociar livremente, enquanto Amorim não.
Pelo que o seu pedido de desculpas deve ser analisado criticamente pelos sócios e adeptos dado que toda a estratégia desportiva e comunicacional do Sporting está exageradamente assente e dependente da sua própria figura. O desrespeito é, portanto, superlativo se considerarmos o poder que lhe foi atribuído (irrelevante, se direta ou indiretamente) desde que chegou a Alvalade. Posto isto, a tentativa pífia de lhe fazerem aumentar o salário não resultou.
No futebol, não faltam pessoas inteligentes a praticar atos com pouca habilidade. Só piora quando lhes falta transparência e verticalidade para tentar demandar o que entendem que é seu por direito e mérito. Deve ser do ar que respiram. O que nos leva para os lados do Benfica. Muito tempo se tem dedicado no debate sobre limites que devem existir para os lados da Luz. Ainda que tarde e fora de horas, Rui Costa pegou na tristeza, num primeiro plano, para identificá-la como sendo igual para si, sua equipa técnica e jogadores para, depois, comentar o óbvio de que ninguém está imune à crítica quando as coisas correm mal. Porém, optou por lamentar que foram ultrapassados limites com base no comportamento de sócios e adeptos, sobretudo numa altura em que não atira a toalha ao chão e ainda há jogos por lutar.
Ora, percebe-se a limitação dos milionários treinadores e jogadores direcionada só para resultados desportivos. Foram para isso contratados e não sabem (nem querem saber) mais. Mas não é tolerável, e verá o seu limite, a notória indiferença de Rui Costa em relação à análise global que os seus consócios fazem do seu terceiro ano de mandato. Não percebe o porquê de ganhar e ser contestado? É que o primeiro não invalida o segundo. Já cansa relembrar as suas principais promessas eleitorais para a renovação do Benfica: auditoria e estatutos.
A primeira levou Rui Costa a confrontar em tom agressivo na Madeira um adepto benfiquista ansioso com o resultado sobre os seus ex-colegas de administração. Já a não aprovação dos Estatutos permite hoje a Rui Costa beneficiar de tempo no poder que não vai ser contabilizado para a intencionada limitação de mandatos que os sócios exigem. Ao final do dia, a estratégia passa por centrar foco no comportamento errático dos adeptos por garrafas de plástico arremessadas (na Luz e no São Luís) contra o treinador e os impropérios próprios e típicos de bancada.
Contra excessos, há regulamento disciplinar e Leis. Entretanto, o adjunto Yann-Benjamin Kugel já se desculpou por ter cuspido na direção dos adeptos em Faro?