Lá se foi a transição exemplar no FC Porto
O abraço entre André Villas-Boas e Pinto da Costa (foto: FC PORTO)

Lá se foi a transição exemplar no FC Porto

OPINIÃO06.05.202409:39

A equipa de Pinto da Costa é passado, e não tem o direito de perturbar o futuro dos dragões, tal como é desejado por Villas-Boas

O que está a suceder na transição de poder no FC Porto desafia a racionalidade; pela leitura literal dos regulamentos do clube que está a ser feita pelos órgãos cessantes, indicia-se uma opacidade preocupante; e, no fim do dia, quem sairá prejudicado serão os dragões, impossibilitados de colocar em prática, em tempo útil, o programa esmagadoramente vencedor do recente ato eleitoral.

Não sendo dado, por natureza, a valorizar teorias da conspiração, é-me difícil encontrar alguma boa razão que leve ao impasse em que os azuis e brancos vivem, e depois de ler os comunicados, absolutamente contraditórios, da equipa que está de saída e da equipa que não consegue expeditar o processo de entrada, mais perplexo fico.

O timing eleitoral estabelecido no FC Porto só faz sentido se, de facto, permitir que quem ganha as eleições possa, em primeiro lugar, inteirar-se das condições em que recebeu o clube, e a seguir, com base nestas, preparar a temporada seguinte.

É um contrarrelógio exigente, que não se compadece com expedientes dilatórios, que interpretados seja de que forma for, acabam sempre em prejuízo para o clube. A equipa de Pinto da Costa é passado, e não deve ter o direito de perturbar o futuro tal como é desejado pela gestão de André Villas-Boas. Não me parece, sequer, que os elementos que estão na porta de saída queiram apagar alguma coisa comprometedora (porque o rasto dinheiro, hoje em dia, é sempre localizável…), ou que se encontrem presos ao prato de lentilhas a que, eventualmente, ainda terão direito se levarem o mandato até ao limite legal. Mas que parece que querem esconder alguma coisa, fazendo fé no comunicado de André Villas-Boas, ao recusarem, de facto, a cooptação, com direito de veto, de um dos homens de confiança do presidente-eleito, apontado à SAD, isso parece.

O que aconteceu nas recentes eleições do FC Porto foi um ato massivo de recusa de uma instituição, em relação ao cominho que o clube vinha a trilhar ao longo dos últimos anos. Se isso não for levado em consideração por quem perdeu de forma retumbante, qual o sentido? Criar dificuldades adicionais a quem entra? Demonstrar uma colagem patológica ao poder? Rescrever a história? Seja o que for, desta ópera bufa a que temos assistido haverá apenas um prejudicado, certo e seguro: o FC Porto. Terra queimada? Ou algo mais?