A BOLA DE BERLIM Jejum intermitente
BERLIM — Ai se a minha mulher descobre que comi granola anteontem à noite, no hall do hotel, enquanto despachava as reportagens que tinha feito durante o dia. Ainda julga que volto a casa mais magro e pronto para abraçar uma alimentação saudável, em contraste com este jejum intermitente, versão jornalista. O pequeno-almoço reforçado do hotel podia ser o ponto de partida para uma dieta equilibrada, subordinada ao lema Verão 2025, mas a tal granola, que já substituiu uns quantos jantares, alterna com repetições nada recomendáveis de fast food. Já perdi conta às vezes em que comi hambúrguer, pizza ou mesmo massa, e até já a comida chinesa e indiana começa a esgotar as senhas. Abençoada visita ao bairro português de Hamburgo, que permitiu atirar-me a uma carne de porco à alentejana como se tivesse emigrado para a Alemanha há vários anos. Entretanto, já tentei enganar o estômago com um almoço num restaurante espanhol, mas perante este regresso a Berlim, para o Suíça-Itália, eu e o André começámos a fazer planos no GPS para fazer escala num restaurante português não muito distante do Estádio Olímpico. Estacionámos a medo, que não queremos voltar a ter o carro rebocado, e entrámos no restaurante a salivar. Sentei-me já a sonhar com um bacalhau com natas que tinha visto na internet, até vermos o aviso na ementa que não aceitavam cartões. Sai um chicken korma para o almoço e uma sandes de queijo para matar a fome mais tarde, enquanto escrevo estas linhas...