Janeiro é decisivo para o Benfica
Com o primeiro mês do ano abre-se a janela para acertos cirúrgicos (sem eles, Benfica, nada feito). E há a Taça da Liga, que só não vale nada para quem a perde
O Benfica chegou ao Natal em primeiro na Liga. Alguém se lembra? E atingiu essa liderança apenas porque o Sporting pagou, com língua de palmo, o sentimento de orfandade deixado por Ruben Amorim. Caso contrário, embora Lage tivesse consertado vários danos da era-Schmidt, a equipa da Luz, que mantém problemas estruturais, teria, mesmo na Consoada e no peru natalício, olhado para cima, e não para baixo, para ver o leão. Depois chegaram os duelos, na passagem de 2024 para 2025, com duas das quatro melhores equipas portuguesas, e a implosão encarnada deu-se, deixando evidentes lacunas que a janela de janeiro pode mitigar. Se os responsáveis encarnados olharem para este cenário e não se aperceberem do estado de necessidade da equipa, fazendo como a avestruz e enfiando a cabeça na areia, relatando jogos que só existiram na sua imaginação virtual, o caminho encarnado passará de pedregoso para uma verdadeira ‘via cruxis’. Este é um momento, em relação ao Benfica, que requer clareza, por isso sejamos absolutamente claros:
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A) – Não há equipa que ganhe seja o que for com uma estrutura defensiva débil, e é isso que o Benfica de hoje apresenta: é fraco na pressão alta; quando a tenta, fá-lo de forma descoordenada, o que permite aos adversários cavalgarem a seu bel-prazer, em superioridade numérica, até à área encarnada. O exemplo mais recente aconteceu com o SC Braga onde, depois do 1-2, que deveria antecipar um esmagamento dos arsenalsitas, não resultou em nenhuma ocasião clara de golo dos encarnados, sendo, até, a turma forasteira a estar mais perto do 1-3.
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B) – Dito isto, se o Benfica não encontrar, em janeiro, um médio que cole a equipa (que não é Florentino, por umas razões, nem Kokçu, por outras, sendo Barreiro um jogador útil no plantel, mas não determinante) dificilmente passará desta cepa torta.
C) – Se o Benfica não tiver capacidade para pressionar alto, como aconteceu nos primeiros seis meses de Schmidt, matando à nascença a construção de jogo adversária, será sempre uma equipa sujeita a ser comandada e não disposta a comandar.
D) – Se o meio-campo do Benfica não for capaz de manter a bola com qualidade, impondo tempos e criando espaços para a verticalização do seu futebol, a vulgaridade e previsibilidade continuarão a imperar, fazendo como principais vítimas os jogadores que atuam mais avançados, que sem munição à altura passam ao lado dos jogos.
E) – E, finalmente, se não houver uma afinação de jogo dos centrais (que baixaram de produção), capaz de dar segurança defensiva e soluções no início das jogadas, o que aconteceu com o SC Braga na Luz irá repetir-se.
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Rui Costa terá a palavra nos dias que se seguem, porque alguém que tem a sua experiência no futebol não pode estar a ver um jogo diferente daquele acima descrito. Quando ainda faltam dois jogos de Champions (Barcelona e Juventus) e a tolerância zero na Liga entrou em vigor após as derrotas com Sporting e SC Braga, o Benfica ainda pode ir a tempo de salvar a época, desde que seja proativo. Porque não é verdade que o plantel tenha tudo o que precisa, por um lado, e, depois, das duas uma, ou há um toque a reunir e todos, sem exceção contribuem para a causa comum – e nesta matéria Bruno Lage tem uma importante palavra a dizer – ou os primeiros seis meses de 2025 serão penosos para os lados da Luz e lançarão uma perspetiva diferente sobre as eleições de outubro.
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