Ingratidão nunca!

Ingratidão nunca!

OPINIÃO06.07.202306:30

Há sempre candidatos que podem achar-se com mérito para a sua cadeira de sonho

Q UEM desvaloriza a memória acaba sem compreender a história. O FC Porto sempre foi conseguindo reforçar a união para ganhar a forma de campeão. Os excelentes resultados das últimas décadas, revelam a capacidade de luta contra ventos e marés, sem desistir nem dividir. Divergências não são problemas, mas antes diálogos construtivos. Um líder não tem idade, tem competência e sabedoria para indicar o rumo do sucesso que implica a defesa do clube. A poucos meses de nova eleição do universo Porto, há sempre possibilidade de surgir eventual candidatura de alguém que se acha com mérito para a sua cadeira de sonho. Ao longo de décadas, o presidente Pinto da Costa já enfrentou tempestades maiores e nunca sem vacilar. Desde jovem como sócio e há mais de 40 anos como o Presidente mais titulado do mundo do futebol, há uma continuidade que valoriza o clube e o transformou num caso de sucesso. Um eventual candidato, afirmou que lhe está destinado no futuro, o lugar de presidente do clube. Foram feitas afirmações entre as quais o “desencontro” de um antigo treinador e provável candidato a presidente com o atual líder do clube. Mesmo nos clubes excelentes, com muitos títulos de projeção internacional, a gestão das finanças será sempre uma dor de cabeça, em função da “invasão” do capital árabe e americano. Levanta-se a questão: o que é sucesso no futebol? Os títulos, mas também a sustentabilidade económica.

Neste contexto, surge com importância a questão das próximas eleições. O que poderia iniciar-se num debate frontal, passou para a Comunicação Social. Surgem eventuais interessados em manter uma candidatura para 2024 ou até 2028, mantendo o foco decisivo na situação económica do clube. Jorge Nuno Pinto da Costa, continua a enfrentar as dificuldades inerentes, perante verbas astronómicas que desregulam condições muito diferentes entre os diversos clubes. Alguns podem utilizar verbas muito elevadas, graças ao apoio ‘oficial’ de eventuais governos de outras latitudes.

Pinto da Costa e José Maria Pedroto conseguiram vencer o “fantasma” da ponte sobre o Douro e, a partir daí, cresceu um percurso invejável a nível nacional e internacional. Quem tem uma obra da dimensão do que é hoje o FC Porto merece o reconhecimento e justiça. As próximas eleições no FC Porto poderão ser um momento de tensão e de grande afluência às urnas. Desta vez, um dos temas mais discutido poderá ser a dimensão financeira e o responsável por essa área, o Dr. Fernando Gomes (ultimamente muito contestado) certamente com explicações que terão de ser justificadas com transparência. Há adeptos que revelam preocupação pelas contas e pelo facto de fechar sem as vendas indispensáveis. Fernando Gomes, encarado como principal responsável dos investimentos, disponibiliza 45 milhões de euros para o treinador investir em reforços para a equipa.

Mesmo sem conseguir o equilíbrio financeiro, cujo exercício anual encerrou a 30 de junho último, afirma que a SAD tem margem de liquidez para conseguir novos jogadores para a equipa reconquistar mais um título, do valor que o FC Porto vai receber como prémio pelos resultados na Champions, mas também do empréstimo obrigacionista que rendeu cerca de 55 milhões e que pode permitir investimento importante.

Sérgio Conceição consegue construir grandes equipas e ganhar títulos, mas é urgente investir com eficácia e qualidade. Despesas elevadas terão de ser reduzidas a começar pelos membros da SAD, como exemplo para todos. Apesar de se poderem vender jogadores até ao final de agosto e apresentar os prejuízos até outubro, o desequilíbrio financeiro e as falhas económicas têm de ser superadas sistematicamente com moderação e cortes indispensáveis nas despesas. As eleições dos dragões, realizar-se-ão na data prevista: 2024. Podem surgir várias alterações, desde mudanças nos Estatutos e na duração dos mandatos.

O Conselho Superior do clube, desde 2021, tem como uma das tarefas a alteração dos Estatutos, para as propostas serem votadas e aprovadas em Assembleia Geral do clube, quando esse trabalho estiver concluído. A complexidade jurídica torna praticamente inviável a aprovação de novos Estatutos até às eleições de 2024.  A continuidade de Sérgio Conceição junto com Pinto da Costa é uma garantia de trabalho de qualidade que, exigindo muito esforço e dedicação, consegue prestigiar o clube além-fronteiras. Há um património que o FC Porto tem presente como herança valiosa e tem sido essa união de “todos com todos” que engrandece o universo azul e branco e mantém acesa a chama de lutar sempre pela vitória. Quanto às questões financeiras, certamente que os responsáveis sabem que é urgente dotar o clube de segurança e equilíbrio, mesmo que sejam necessários alguns sacrifícios, para poder cumprir o fair play financeiro. Será muito mais vantajoso, conseguir dinâmicas que permitam ao clube uma maior independência económica e, para isso, quem tiver alternativas que fortaleçam o nosso FC Porto, numa evolução natural, é sempre bem-vindo como mais um apoio imprescindível. Há questões a resolver, contudo devem ser tratadas no melhor interesse do universo do clube, mesmo que exijam reduções substanciais. Dar o ouro ao “bandido” nunca será uma boa estratégia. Há sempre candidatos à presidência do FC Porto, com cobertura pré-eleitoral focada na Comunicação Social, que poderia ter sido debatida entre portas e sem a publicidade que desestabiliza, favorecendo adversários. E se alguns dirigentes da SAD possam merecer críticas fundamentadas, convém não esquecer quem elege. A preparação do destino do clube deve passar por uma análise cuidada, competente, sem privilégios e com os ajustes indispensáveis ao equilíbrio financeiro. Nenhum sócio de um clube tem prazer em ver, na praça pública, afirmações que dividem e que prejudicam a unidade, esquecendo a ação de Pinto da Costa e de Pedroto que ainda hoje perdura e que deve ser ampliada. A gestão desportiva de Conceição é sem dúvida um exemplo para ser adotada como modelo de competência. Não se pode aguardar até à última hora, para o clube conseguir um elevado encaixe proveniente de uma grande venda salvadora…


REFORÇOS PARA O FC PORTO

Em todas as épocas há necessidade de promover os ajustes necessários ao plantel. A SAD do FC Porto, na janela de verão das transferências, admitia a saída de Taremi por verba nunca inferior a 20 milhões de euros, em função do interesse de vários clubes ingleses. Pepê é outro diamante que não podemos perder. Fernando Gomes e a SAD não conseguiram o encaixe de milhões que tinham previsto. O Conselho Superior do clube está a analisar uma reflexão sobre a revisão dos Estatutos que poderão causar naturalmente divisões. Falou-se da discrepância grave da criação de mais valias, algo que nunca se pode deixar para os últimos momentos, porque o tempo pode ser um adversário rigoroso. Sugere-se nova norma da UEFA para permitir reajustes até dezembro próximo. Sérgio Conceição, atendendo à limitação de que só um clube passa para a Champions, apresentou a lista que entende necessária, da qual poderão ser eventualmente incluídos: o ponta de lança espanhol, jogador de área, Fran Navarro, de 25 anos, nas duas últimas épocas no Gil Vicente, com 37 golos marcados (nesses dois anos). Frequentou as escolas do Valência e esteve presente no Europeu de sub-17. Há negociações para se conseguir o jovem de 22 anos Iván Jaime, o melhor jogador jovem da última edição da Liga. Bruno Onyemaechi, lateral e central, com forte presença física e disponibilidade para sair para o ataque; o nigeriano tem 24 anos (já foi chamado à seleção da Nigéria, por José Peseiro). Guga, médio, 25 anos, recebeu há duas épocas o prémio de melhor jogador da Liga 2, foi um elemento decisivo para o título do Rio Ave, distinguiu-se e revelou alto rendimento na Liga, com passado pela formação no Benfica e nas seleções jovens. Costinha, 23 anos, lateral direito com forte vocação atacante, com garra e intensidade, mereceu a subida à Liga, eficaz a defender e rápido no ataque. Chelsea insiste em Diogo Costa. Mas nas certezas, ainda faltam pormenores.


OPORTUNIDADES LEONINAS

No fecho das contas da época 2022/23, a SAD leonina participou à CMVM que o Lille pagou ao Sporting 19,67 milhões pela indemnização da rescisão unilateral, em 2018, de Rafael Leão, na sequência da invasão de Alcochete. De qualquer modo o assunto ainda não está resolvido... O Sporting continua a exigir do Lille uma indemnização de cerca de 46 milhões. O processo está bem longe de conclusão.  Gyokeres, avançado do Coventry, poderá fazer parte do plantel do Sporting, uma das eventuais opções de Rúben Amorim, com valor próximo à volta dos 20 milhões.


PRIORIDADES DO BENFICA

Falta preencher dois lugares importantes: um lateral esquerdo e um guarda-redes. No Benfica, Domingos Soares de Oliveira, foi o braço direito de Luís Filipe Vieira, manteve-se com Rui Costa e apresentou pela última vez os resultados do exercício de 2021/22 no Museu Cosme Damião. Domingos Soares de Oliveira deixa as funções no clube e as últimas contas ainda terão o seu cunho.


INOVAÇÃO

Alexandrina Cruz, eleita como a primeira mulher Presidente de um clube da Liga Principal, terá a seu cargo o desempenho do seu Rio Ave. Gestora de 45 anos, funcionária da Câmara Municipal de Vila do Conde é uma estreia imprescindível. “A competência não tem género”, afirmou com sabedoria. No mundo do desporto internacional há exemplos semelhantes e com muito sucesso. Uma boa obra Senhora Presidente.


LOCALIZAÇÃO DOS CLUBES DA LIGA PRINCIPAL

Distrito de Braga (6): Sporting de Braga, Vitória de Guimarães, Famalicão, Vizela, Gil Vicente, Moreirense; Distrito de Lisboa (5): Benfica, Sporting, Casa Pia, Estoril, Estrela da Amadora; Distrito do Porto (3): FC Porto, Boavista FC, Rio Ave; Região do Algarve (2): Portimonense, Farense; Distrito de Aveiro (1): Arouca; Distrito de Vila Real (1): Desportivo de Chaves (o único representante do interior). Os distritos de Braga, Porto e Aveiro totalizam 12 clubes, o que contraria o centralismo político que atrofia o país. Distinção e coragem para o Desportivo de Chaves, o único do interior do território.


REMATE FINAL

Silvestre Varela, encerrou a carreira de jogador de futebol aos 38 anos, após as últimas épocas terem servido como apoio direto aos jovens jogadores no seu percurso de formação para o futuro. Com um currículo valioso, tendo vencido uma Liga Europa, decidiu frequentar o curso de treinador para seguir essa carreira. Varela, um exemplo do clube, não deixa de elogiar a ação de Sérgio Conceição, que fez regressar ao clube o ADN tradicional.

A Seleção de Sub-21, no Euro-2023, perdeu com a Inglaterra e mais uma vez, independentemente do valor individual, faltou competência, organização, estratégia, ligação e objetivos definidos.