'Hat Trick': Varandas à Pinto da Costa
Frederico Varandas e Pinto da Costa aqui separados por Pedro Proença (Foto: André Alves)

OPINIÃO 'Hat Trick': Varandas à Pinto da Costa

OPINIÃO26.05.202410:00

Discurso do presidente do Sporting na festa na Câmara de Lisboa com momento a lembrar outros tempos; Pedro Gonçalves merecia o Euro; Rui Costa e a diferença entre caos e ordem

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Desde que assumiu a presidência do Sporting, em setembro de 2018, Frederico Varandas saboreou a conquista de sete troféus (2 Ligas, 1 Taça de Portugal, 3 Taças da Liga e 1 Supertaça), menos um que o FC Porto (2 Ligas, 3 Taças de Portugal, 1 Taça da Liga e 2 Supertaças), mais três que o Benfica (2 Ligas e 2 Supertaças) e quatro que o SC Braga (1 Taça de Portugal e 2 Taças da Liga). O Sporting renasceu das cinzas após o ataque à Academia de Alcochete, a 15 de maio de 2018, dia mais negro da história dos verdes e brancos, e é hoje um clube sem garrotes financeiros enquanto se mostra competitivo na luta dentro das quatro linhas.

Varandas fechou a porta de um passado sombrio e abriu uma janela para o futuro com a contratação de Rúben Amorim, momento único de inspiração e rasgo, o equivalente num jogador a brilhar com um golo de bicicleta a decidir um Mundial.

Na festa promovida pela Câmara Municipal de Lisboa para homenagear um dos baluartes da cidade, o líder leonino destacou a obra realizada — na época gloriosa que agora terminou e no passado recente, sobretudo no capítulo financeiro — mas na hora de celebrar não resistiu a visar os dois principais adversários.

«O Sporting demonstra que é possível vencer com coragem, com dignidade, com integridade, sem a mancha de processos judiciais e sem qualquer guarda pretoriana paga», afirmou, palavras contraditórias com o espírito de um novo futebol que várias vezes apregoou quando, por exemplo, criticava o modus operandi e o discurso que apelidava de incendiário de Pinto da Costa. Talvez estivesse a falar para os adeptos que aplaudem com tanto prazer e vontade um golo como um remoque básico aos rivais — e assim se alimenta a toxicidade do nosso futebol.

Quase seis anos depois de tomar posse, quem sabe ainda ávido da admiração incondicional dispensada a presidentes do Sporting sem tantos méritos de gestão e vitórias em campo, Varandas parece não ter esquecido que ganhou as eleições a João Benedito com mais votos, claro, embora com menos votantes...

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Na minha lista de 26 para o Campeonato da Europa, em comparação com os eleitos de Roberto Martínez, teria apostado em Raphael Guerreiro no lugar de Nélson Semedo — provavelmente a opção do espanhol se o esquerdino do Bayern não estivesse lesionado — e em Francisco Trincão e Pedro Gonçalves em detrimento de Rúben Neves e Pedro Neto.

Aceito que a Seleção possa ser gerida como se fosse um clube com um plantel mais ou menos definido, sem grande espaço para caras novas à margem de um núcleo duro alargado. Mas há limites ao conservadorismo das escolhas. No caso de Pedro Gonçalves, autor de 76 golos e 42 assistências em 177 jogos no Sporting, é difícil explicar por que razão soma apenas duas internacionalizações (45’+19’), ambas em junho de 2021.

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«Não tendo sido uma época positiva, também não podemos transformá-la num caos», disse Rui Costa, referindo-se a temporada em que só festejou a Supertaça.

O presidente do Benfica conhece os adeptos encarnados e sabe que quem normalmente se considera campeão na pré-época dificilmente chegará a maio conformado com festa de leões ou dragões. Logo a partir de julho, tanto Rui Costa como Roger Schmidt voltarão a constatar que a diferença entre caos e ordem dependerá somente dos... resultados.