'Hat Trick': Ici c'est Madrid, Mbappé
Mbappé está na seleção francesa a preparar o Euro (Foto Imago)

'Hat Trick': Ici c'est Madrid, Mbappé

OPINIÃO09.06.202410:00

Avançado francês no Real Madrid, de Carlo Ancelotti, que ganhou com Ronaldo, mas também com Joselu; Vítor Bruno sem as armas de outros adjuntos que tiveram sucesso no FC Porto; VAR e Maradona...

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Florentino Pérez quer, o Real Madrid sonha, a contratação de mais um galático nasce. Kylian Mbappé comunicou ao PSG que não pretendia renovar e, desta vez, após avanços e recuos à velocidade que os parisienses abriam os cordões à bolsa para segurá-lo, o avançado — melhor jogador do mundo, digo eu — aquece para tomar posse na casa blanca na próxima época. Os petrodólares de Al Khelaifi não conseguiram derrubar o peso do colosso da capital espanhola e esta é uma vitória do líder do Real com significado político.

É o fim da era galática do PSG — há duas temporadas contava ainda com Neymar e Messi — e o regresso do Real Madrid às apostas faraónicas que marcaram, sobretudo, os anos iniciais do consulado de Florentino. Com o novo Santiago Bernabéu concluído — inesgotável fonte de receitas a valer cada euro dos mais de mil milhões investidos na remodelação — e a chegada de Mbappé, os merengues dispõem de argumentos luxuosos dentro e fora de campo. O francês tem 25 anos, Valverde 25, Militão 26, Tchouaméni e Brahim Díaz 24, Vinícius e Rodrygo 23, Camavinga 21, Bellingham 20, Arda Guler 19, Endrick 17…

Mesmo a custo zero, o Real teve de abrir os cordões à bolsa para convencer Mbappé a dizer não às Arábias, por exemplo, ciente de que precisará mais do clube madridista para ter sucesso do que o contrário, agora que concretiza sonho de infância. Desde 2017, quando se transferiu do Mónaco para a cidade luz, o PSG esteve numa final da Champions e o Real ganhou três, seis se recuarmos aos últimos dez anos — além disso, jogadores seus ganharam 12 Bolas de Ouro, a par do Barça um recorde.

Ao longo da época, Luis Enrique, figura histórica dos culés, campeão na estreia no comando técnico do PSG, até facilitou a tarefa futura de Carlo Ancelotti, ao apostar várias vezes em Mbappé no centro do ataque. O italiano terá de conciliar o talento e as vontades do sonante reforço, de Vinícius, de Rodrygo, de Bellingham… Mas quem melhor que D. Carletto, mestre em gestão de egos, para lidar com tantas estrelas? Ici, c’est Madrid!, assim deverá deixar claro a Mbappé logo no primeiro dia, antes de lhe lembrar que o Real ganhou a orelhuda com Ronaldo e Benzema, mas também com Joselu.

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Não se deu mal o FC Porto com a aposta em treinadores que pouco tempo antes ainda eram adjuntos. A começar pelo atual presidente, André Villas-Boas, que após passagem pela Académica na primeira experiência fora do manto protetor de José Mourinho conduziu o FC Porto à glória. Seguiu-se Vítor Pereira, número dois de AVB, bicampeão nacional apenas com uma derrota nesse trajeto.

Não há duas sem três, agora com Vítor Bruno? O futuro dirá. Convém é lembrar, em defesa do sucessor de Sérgio Conceição, que o plantel que se desenha — ao invés daqueles que tiveram AVB e VP — não terá clones de Álvaro Pereira, Danilo, Alex Sandro, Moutinho, Lucho, James, Hulk, Falcao, Jackson...

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O Wolverhampton propôs a abolição do VAR na Premier League, proposta chumbada pelos restantes 19 clubes. A videoarbitragem não reduz o erro a zero, mas o caminho deve ser no sentido de alargar o raio de ação do VAR sem que o jogo perca ritmo. Nunca o contrário.

Prefiro recordar Diego Maradona a fintar toda a seleção inglesa, no México-1986, o golo dos golos, do que lembrar a célebre mão de Deus que iludiu o guarda-redes inglês Shilton e o árbitro tunisino Ali Ben Nasser.