Futebol português na primeira linha
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Futebol português na primeira linha

OPINIÃO28.09.202309:29

Ser adepto não tem necessariamente de implicar um conflito bélico (muitas vezes para esconder a realidade das derrotas)

Portugal precisa de pontos para subir no ranking europeu e, para isso, são precisas vitórias e não erros sucessivos, incapacidade de resistir e de conseguir mais sucesso nas competições. Não devemos canalizar toda a raça em lutas nacionais que, parecendo importantes, não são as mais decisivas para o nosso prestígio internacional. Para isso, as nossas equipas, além da luta pelas vitórias internas, não devem enfraquecer a nossa Liga evitando reforçar lutas internas e ódios sem sentido, enquanto outros países vão somando pontos que valem dinheiro e cotação internacional.

Ganhar o campeonato nacional e os outros troféus em disputa interna são objetivos essenciais, mas sem esquecer que as nossas equipas devem cooperar para recolocar o nosso futebol no topo da visibilidade positiva. Cada vez é mais difícil conquistar troféus europeus, pelo enorme investimento que é indispensável. Mas tudo é possível, se a FPF e a Liga Portugal definirem metas, fortalecerem as nossas competições com arbitragens qualificadas, com mais tempo útil de jogo e sem simulações que desprestigiam o futebol, para tornar cada jogo, uma prova da qualidade que temos. Os clubes nacionais não podem ser os inimigos para os quais tudo vale para contestar. Temos jogadores e treinadores excelentes, dirigentes de qualidade, só falta a visão integrada para conseguirmos os resultados necessários, evitando conflitos graves e desperdício de verbas. Por exemplo, o presidente de um clube deve cooperar para o desenvolvimento das nossas competições, sem criar situações que estão a caminhar para fogueiras cada vez mais altas e fortes, impossíveis de apagar.

Cada um deve valorizar o seu clube sem ter de criar guerras que implicam perdas a todos os níveis, incluindo o pagamento de multas avultadas pelos estragos causados nos estádios, com situações de risco inaceitáveis. Ser adepto não tem de implicar necessariamente um conflito bélico (muitas vezes para esconder as realidades das derrotas).

Por outro lado, como ponto essencial, qualificar com exigência a nossa arbitragem (incluindo o VAR) tem de evitar polémicas, por diversas razões, porque é urgente valorizar a competência. As discussões e polémicas constantes podem servir interesses conjunturais, mas nunca estruturais. Todos os clubes, começando pela relação institucional dos presidentes, devem procurar contribuir para um jogo melhor, sem suspeições, com declarações pensadas e nunca para alimentar polémicas que incendeiam o futebol.

Quando tivermos uma linha orientadora para se prepararem para conquistas europeias, como já aconteceu no passado, então os clubes recebem mais apoios financeiros e podem alimentar opções mais objetivas e prestigiantes. Esta época, apesar de alguns bons resultados e de outros que poderemos superar, importa ter a consciência que vamos entrar num processo de requalificação, como um grande golo, no qual as eleições de 2024 poderão ser o ponto de partida decisivo para uma nova fase muito importante. Temos condições para criar um período de crescimento internacional. Recordemos que num passado não muito antigo, as relações entre presidentes de clubes, eram de grande respeito, amizade, concordância e visão de futuro. Por isso, para além da centralização dos direitos audiovisuais, importa inovar e potenciar.

A pensar nisso, Pedro Proença, em parceria com a Liga Espanhola, a Universidade Católica e a Liga Portugal Business School, vai criar uma inédita licenciatura em Organização e Gestão do Futebol Profissional, porque o conhecimento e o destino é sempre avançar e aperfeiçoar com exigência máxima. Finalmente, é tempo de equilibrar verbas dos clubes e tornar a nossa competição nacional muito mais eficaz e valiosa, com orçamentos maiores, para se poder competir internacionalmente com confiança na vitória.

Liga

O FC Porto, no Dragão, defrontou o Gil Vicente, num jogo que iniciou veloz, mas que o adversário, além de empatar, criou lances de muito perigo e a vitória só sorriu aos azuis e brancos nos últimos momentos, depois de vários sufocos. A lesão de Pepe antes do jogo impossibilitou a sua presença e, logicamente, foi contratempo importante; porém as lesões surgem a qualquer momento.

O melhor do jogo para os azuis e brancos foi a vitória e os inerentes três pontos; o Gil Vicente, mostrou raça, velocidade, organização e dificultou a tarefa dos dragões até ao limite. O Famalicão recebeu o Arouca e marcou o único golo de grande penalidade, num jogo confuso. O Casa Pia recebeu o V. Guimarães e o jogo terminou sem golos. O Moreirense surpreendeu o Farense com um golo sem resposta. O Estoril marcou e por duas vezes o Vizela igualou sempre. O Chaves, com Moreno como novo treinador, esteve a perder por dois golos com o E. Amadora, mas reagiu e empatou. O Portimonense recebeu o Benfica que teve dois golos de vantagem, porém o golo de Varela trouxe esperança, mas a não concretização da grande penalidade pelos algarvios, acabou por ser fatal para o Portimonense. O Braga defrontou o Boavista, marcou primeiro, mas os axadrezados empataram; a partir da expulsão de Seba Pérez, num momento de algum exagero (sem necessidade) do árbitro, o Boavista ficou reduzido e o Braga acabou por golear. Em Alvalade, o Sporting entrou com intensidade e cedo chegou aos 2-0; na segunda parte o Rio Ave tentou reagir, mas sem a eficácia necessária

Vítimas de SAD

O Leixões, clube que durante anos foi um abastecedor de craques de bem jogar futebol para diversos clubes, foi mergulhado numa onda poderosa e destruidora. São inúmeros os problemas que assolam o clube, com passagem das quotas para outro dono, num processo que envolve dívidas substanciais e donos de SAD a mudar de camisola e de clube, num processo imparável que aguardamos seja solucionado, permitindo ao Leixões regressar ao universo de criar talentos, servindo de exemplo para outros, evitando cair nas polémicas fases com que vários clubes descaracterizam o jogo mais excecional do mundo. Faça-se justiça para voltar a renascer.

Inquietação de treinador

Após o resultado da Champions, seria lógico que os treinadores e os jogadores reunissem para motivar e superar os eventuais prejuízos para a equipa. Nesses momentos importa incutir confiança, recordar os tempos de grande qualidade e a capacidade para reforçar os aspetos positivos, corrigindo os menos qualificados. Cada treinador tem a sua forma de estar, identificando os erros e as inquietações, mas também transmitir segurança, evitando frases do tipo «se não estás no top, joga outro.»

Se o arranque que se pretendia de alguns jogadores não corresponder às expectativas, cabe ao treinador e staff motivar e tornar fácil o que é sempre complexo. A próxima jornada vai colocar frente a frente os eternos rivais, em mais um clássico que preencherá a vida nacional e não só. Mesmo com limitações internas, em cada plantel, o resultado não vai depender das afirmações de cada treinador sobre as fragilidades de alguns jogadores, mas da capacidade em injetar confiança e forte equilíbrio emocional. Em qualquer equipa, o treinador é o principal responsável pelas dinâmicas de motivação de todos os jogadores. É no relvado que o talento tem de entrar em jogo.