Flamengo e Corinthians em fuga
JAM Sessions é o espaço de opinião semanal de João Almeida Moreira, jornalista e correspondente de A BOLA no Brasil
Se o ranking dos clubes de futebol brasileiro com mais adeptos fosse uma etapa da, digamos, Volta ao Brasil em bicicleta, o Flamengo e o Corinthians estariam, quais Tadej Pogacar ou Jonas Vingegaard, numa fuga inalcançável. Os dois gigantes, juntos, somam 44,2% das preferências dos torcedores locais — os rubro-negros cariocas com 24,8%, umas curvas à frente do alvinegro paulista, com 19,4%, segundo estudo da TM20 Branding e da Brazil Panels publicados pelo site Infomoney.
Lá atrás, à frente do pelotão mas a distância considerável dos fugitivos, outra dupla: Palmeiras e São Paulo, com 8,1 e 7,7%, respetivamente. O Verdão à frente do Tricolor é uma tendência recente — já detectada noutra pesquisa, do instituto da Datafolha, em novembro de 2024 — muito provavelmente baseada em resultados desportivos, uma vez que o primeiro tem ganho muito, duas Libertadores incluídas, e o segundo vê o seu auge, anos 90 do século passado e década inaugural do novo milénio, afastarem-se no tempo. Abel Ferreira tem, pois, responsabilidade na ultrapassagem.
Os resultados, ou a falta deles no século XXI, explicam ainda porque o Vasco da Gama, por tradição sempre colado a Palmeiras e São Paulo, descolou do par paulista e já está ao alcance do pelotão, com 4,8%.
Na frente desse pelotão, o Grêmio (4,4%), que já há muitas sondagens se vem destacando do rival Internacional (2,9%), na origem um clube mais popular, e o Atlético Mineiro (4%), com uma Libertadores, um Brasileirão e duas Copas do Brasil nos últimos anos, a pedalar mais depressa do que a sua nemésis, o Cruzeiro (2,7%). Pelo meio, o Santos (3,1%), último dos grandes de São Paulo, prejudicado por não ter sede na capital estadual, ao contrário do trio de ferro Corinthians-Palmeiras-São Paulo.
Depois, o dado mais relevante é a chegada ao pelotão principal dos clubes do Nordeste, que sempre foram enormes mas sofriam, por terem menos conquistas do que os clubes dos centros tradicionais, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte, da síndrome da dupla camisa. Isto é, muitos adeptos do Bahia, Sport, Vitória, Ceará ou Fortaleza, que se declaravam flamenguistas, vascaínos ou corintianos em primeiro lugar, agora priorizam o apoio aos locais, todos na Série A do Brasileirão.
Com isso, atiram para a cauda do pelotão os dois grandes cariocas por norma menos apoiados, o Fluminense e o Botafogo, apenas 14.º clube com mais adeptos mas, ainda assim, orgulhoso campeão nacional e continental em título.
Eis a classificação da etapa: 1.º, Flamengo, 24,8%; 2.º, Corinthians, 19,4%; 3.º, Palmeiras, 8,1%; 4.º, São Paulo, 7,7%; 5.º, Vasco, 4,8%; 6.º, Grêmio, 4,4%; 7.º, Atlético-MG, 4%; 8.º, Santos, 3,1%; 9.º, Internacional, 2,9%; 10.º, Cruzeiro, 2,7%; 11.º, Sport, 2,7%; 12.º, Bahia, 2,5%; 13.º, Fluminense, 2,4%; 14.º, Botafogo, 2,1%; 15.º, Vitória, 1,9%; 16.º, Ceará, 1,6%; 17.º, Fortaleza, 1,4%; 18.º, Athletico, 0,8%; 19.º, Coritiba, 0,6%.