Falar a buzinar

OPINIÃO26.02.202106:00

As contradições de Jorge Jesus; Pepa, sempre um prazer; simplesmente Francisco

1. Jorge Jesus a pedir buzinão de carinho enquanto buzinava que a crise do Benfica não era responsabilidade dele, dos jogadores ou do presidente - a «culpa é da pandemia», decretou. «Não basta chegar ao jogo e fazer um malabarismo, um carrinho. É trabalhar dia a dia para que seja possível chegar ao jogo e ganhar. Os adeptos não querem saber quantos casos de Covid-19 tivemos», disse Rui Costa, administrador da SAD e diretor desportivo dos encarnados, no início do mês, sinal de que a estrutura, outrora 10 anos à frente, comunica pouco internamente enquanto o técnico buzina em roda livre para o exterior. «É verdade o que ele [Rui Costa] diz. O Covid não explica tudo, algumas coisas não fizemos bem», reagiu depois o treinador. «Estou habituado a isto, venho do Brasil a ter oito, nove, dez jogadores com Covid, isto não é um problema desportivo», afirmara em dezembro. «Isto é uma novidade para todos nós, uma coisa é um ou dois jogadores com Covid, outra dez ou onze», sublinhara, em janeiro, contradições que se sucedem sem coerência no discurso. Em março de 2020, quando regressava do Brasil no começo do primeiro confinamento, JJ foi recebido no aeroporto de Lisboa por meia dúzia de jornalistas. «Deviam era apanhar o vírus», atirou, então, aos profissionais na Portela. Na boca de Jesus, o Covid serve para descer o nível da conversa e aumentar o tom das desculpas.

2. Ouvir Pepa é tão refrescante como assistir às partidas do P. Ferreira, a melhor equipa da Liga na relação entre qualidade de jogo, resultados e investimento realizado. Em 2013, após guiar os pacenses ao 3.º lugar, Paulo Fonseca, aos 40 anos, rumou ao FC Porto e não vingou. Que sirva de lição a Pepa, hoje com a mesma idade, quando der salto inevitável para clube de maior dimensão - o peso da estrutura não pode esmagar o treinador...

3. Com duas presenças na principal equipa do FC Porto, Francisco Conceição já conseguiu provar que a aposta do pai em nada se deve ao apelido.