Era uma vez há mais de 20 anos
Há desculpas que, para serem efetivas, não se pedem com palavras, mas sim com atos...
Há mais de 20 anos, com a Seleção Nacional a ostentar os galões de vice-campeã da Europa, num jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2006 (onde estivemos a um pequeno passo de erguer o troféu, numa altura em que ainda tínhamos muito Figo e já tínhamos muito Ronaldo), empatámos no Liechtenstein a duas bolas, depois de estarmos a vencer por 2-0. Foi uma vergonha, ou não estivéssemos perante um adversário do décimo quinto mundo futebolístico, só possível pelo laxismo que se apoderou da equipa de Scolari, que se deitou à sombra da bananeira, adormeceu, e quando acordou percebeu que se tinha tornado no ridículo do futebol internacional. Nessa altura, escrevi que os jogadores, especialmente os jogadores, tinham de se retratar, e a única forma aceitável era que o fizessem dentro das quatro linhas, porque palavras, leva-as o vento. A vergonha do Liechtenstein aconteceu a 9 de outubro de 2004, e quatro dias depois, a 13, a equipa das quinas recebia, em Alvalade, a Rússia, um opositor sério que nos tinha feito suas as estopinhas, na Luz, na fase de grupos do Euro 2004, depois da derrota no Dragão, com a Grécia. Os jogadores sentiram que estavam em xeque, meteram-se em brios, e arrancaram uma exibição sublime, que terminou com uma goleada aos russos por 7-1. Nesse jogo, há mais de 20 anos, Cristiano Ronaldo marcou dois golos...
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Depois da desastrada exibição de Copenhaga, que não terminou em humilhação histórica apenas porque Diogo Costa esteve em noite inspirada, os jogadores da Seleção Nacional voltam a ter que pedir desculpa aos adeptos pela triste figura que fizeram na capital da Dinamarca. E, mais uma vez, só têm um palco para fazê-lo e esse não é nem numa conferência de imprensa, muito menos nas redes sociais: é no relvado de Alvalade, com uma entrega (e repare-se que não peço nem exibição, nem qualificação) que os dignifique perante o País, e justifique a camisola que vestem. Têm de dar uma resposta como a que foi dada a 13 de outubro de 2004, quando, há mais de vinte anos, Cristiano Ronaldo marcou dois golos...
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