Era uma vez há mais de 20 anos
Cristiano Ronaldo a celebrar um dos dois golos que marcou à Rússia, há mais de 20 anos, em Alvalade...

Era uma vez há mais de 20 anos

OPINIÃO23.03.202508:45

Há desculpas que, para serem efetivas, não se pedem com palavras, mas sim com atos...

Há mais de 20 anos, com a Seleção Nacional a ostentar os galões de vice-campeã da Europa, num jogo de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2006 (onde estivemos a um pequeno passo de erguer o troféu, numa altura em que ainda tínhamos muito Figo e já tínhamos muito Ronaldo), empatámos no Liechtenstein a duas bolas, depois de estarmos a vencer por 2-0. Foi uma vergonha, ou não estivéssemos perante um adversário do décimo quinto mundo futebolístico, só possível pelo laxismo que se apoderou da equipa de Scolari, que se deitou à sombra da bananeira, adormeceu, e quando acordou percebeu que se tinha tornado no ridículo do futebol internacional. Nessa altura, escrevi que os jogadores, especialmente os jogadores, tinham de se retratar, e a única forma aceitável era que o fizessem dentro das quatro linhas, porque palavras, leva-as o vento. A vergonha do Liechtenstein aconteceu a 9 de outubro de 2004, e quatro dias depois, a 13, a equipa das quinas recebia, em Alvalade, a Rússia, um opositor sério que nos tinha feito suas as estopinhas, na Luz, na fase de grupos do Euro 2004, depois da derrota no Dragão, com a Grécia. Os jogadores sentiram que estavam em xeque, meteram-se em brios, e arrancaram uma exibição sublime, que terminou com uma goleada aos russos por 7-1. Nesse jogo, há mais de 20 anos, Cristiano Ronaldo marcou dois golos... 

Depois da desastrada exibição de Copenhaga, que não terminou em humilhação histórica apenas porque Diogo Costa esteve em noite inspirada, os jogadores da Seleção Nacional voltam a ter que pedir desculpa aos adeptos pela triste figura que fizeram na capital da Dinamarca. E, mais uma vez, só têm um palco para fazê-lo e esse não é nem numa conferência de imprensa, muito menos nas redes sociais: é no relvado de Alvalade, com uma entrega (e repare-se que não peço nem exibição, nem qualificação) que os dignifique perante o País, e justifique a camisola que vestem. Têm de dar uma resposta como a que foi dada a 13 de outubro de 2004, quando, há mais de vinte anos, Cristiano Ronaldo marcou dois golos...