Entre o Famalicão e o Inter de Milão
«Cartas na Mesa», a opinião de José Manuel Delgado
Roger Schmidt, ainda agastado com o incidente com um jornalista da RTP após o Benfica-Sporting, decidiu não comparecer na sala de imprensa, a seguir ao Benfica-Famalicão. Fez mal das duas vezes. Fez mal, da primeira vez, quando esqueceu que uma conferência de imprensa é um espaço onde uns perguntam e os outros respondem. E quem responde tem, até, o direito inalienável de dizer «não respondo.» E fez mal ao dar parte fraca (e não forte), remetendo-se ao silêncio depois de eliminar o Famalicão.
Na primeira situação, quando lhe foi perguntado se o resultado, frente aos leões, tinha sido melhor que a exibição, o treinador do Benfica passou ao lado da oportunidade de dizer que concordava com o jornalista, porque era impossível fazer melhor do que os três pontos da vitória, enquanto qualquer exibição, em tese, pode sempre ser melhorada. Na segunda situação, não esteve à altura do emblema que representa.
Mas fossem estes os maiores problemas de Roger Schmidt, e o sono do técnico alemão seria melhor. A questão de fundo é que o Benfica ainda não encontrou o equilíbrio necessário. Percebe-se que a equipa está mais solta, mostra uma capacidade pressionante mais condizente com as necessidades de um candidato ao título, mas ainda tem alguns buracos que, ou consegue remendar, ou fazem a embarcação ir ao fundo.
No jogo com o Famalicão esteve à vista de todos como se abriram avenidas na direita benfiquista, onde Aursnes faz o que pode e Di María pouco defende, por onde Francisco Moura e Puma Rodríguez lançaram o pânico na área encarnada. Se Schmidt não resolver esta questão, equipas como o Inter, já esta semana, capitalizarão com outra eficácia as facilidades dadas. E voltou a constatar-se a ausência de presença na área contrária do ataque benfiquista (que não será sentida da mesma forma contra os nerazzurri, sendo que 90 por cento dos jogos do Benfica não são contra o Inter, mas contra equipas com autocarros), perdido em cantos e cruzamentos para ninguém, até ser salvo por um autogolo.
Estes, sim, são os problemas que devem ter resposta no mercado de janeiro. Se o Benfica tiver noção daquilo que urge corrigir, estará muito mais perto de conseguir a boa solução. Se entender que está tudo bem, então o futuro será mais incerto...