Entender o ‘caso’ Kokçu
Orkun Kokçu, médio do Benfica (Maciej Rogowski)
Foto: IMAGO

Entender o ‘caso’ Kokçu

OPINIÃO21.03.202412:44

Kokçu pensa no Benfica como um entreposto e que após um ano sairia com contrato milionário

O caso da entrevista de Kokçu é de simples compreensão. Alguém convenceu o jogador turco, durante a abordagem negocial para a sua contratação no verão passado, que o Benfica não seria uma regressão ao Feyenoord, mas ótimo clube, com condições de trabalho ímpares, infraestruturas e meios tecnológicos ao nível das dos melhores do Mundo, que Portugal é um país lindo para se viver com muito dinheiro e, acima de tudo, que o Benfica competiria este ano na Champions e que tem garantido rápida projeção de jovens jogadores para os clubes ricos e bem pagantes das principais ligas europeias.

Ou seja, que não iria ficar muito tempo num campeonato pobre, pouco competitivo e a ganhar cinco a dez vezes menos do que pretende e crê que merece pelo talento a si reconhece e que outros (talvez) também.

Não se sabe se o médio, então com 22 anos (23 completados em dezembro), lá nos Países Baixos, onde fizera toda a carreira, terá ficado satisfeito, mas bastava-lhe uma breve investigação às transferências do Benfica nos anos mais recentes. No caso de jogadores estrangeiros, Enzo Fernandez (após meia temporada,121 milhões de euros) Darwin Nuñez (duas temporadas, 85 M€), Grimaldo (custo zero); ou os produtos da formação, Gonçalo Ramos (65 M€), Ruben Dias (71,6 M€) e João Félix (127 M€). Afinal, aquilo que o Benfica tem sido há quase década e meia, desde os idos de 2010/11, quando as equipas de Jorge Jesus começaram a lançar fornadas de jogadores para os maiores palcos da Europa e para a… riqueza.

Kokçu vê o Benfica como um entreposto. Mas com a temporada a aproximar-se do fim, apesar de ser apenas a primeira, o turco está a ver que nada se valorizou, que nenhum tubarão está a rondá-lo e que o telefone dourado certamente não tocará no verão.