Em 2020, no automóvel, incertezas

Opinião Em 2020, no automóvel, incertezas

OPINIÃO25.01.202011:05

O ano passado, pela 1.ª vez desde 2012, venderam-se menos carros novos no mercado nacional

Para a indústria automóvel, 2020 é ano de incerteza(s). Na Europa, introdução de programa antipoluição novo, travagem a fundo nas emissões poluentes – no dióxido de carbono (CO2), obrigação de menos 21%, comparativamente a 2018, com redução nas médias das frotas dos construtores de 130 g/km para 95 gramas. Excedendo-se o limite, multa! Por grama acima do máximo imposto por Bruxelas, 95 €/carro! De acordo com várias estimativas, fatura na ordem dos 33 mil milhões de euros...


O futuro antecipa-se muito facilmente. Os fabricantes não perseguem todos o mesmo objetivo, pois a conta não é simples (o cálculo considera, também, as médias dos pesos dos automóveis vendidos por cada fabricante e considerará apenas 95% dos registos): em mais de 100 anos, nunca a indústria foi confrontada com teste tão exigente. Por isso muitas marcas empenharam-se na eletrificação; viaturas com emissões iguais ou inferiores a 50 g/km beneficiam de supercréditos, mas só durante período curto de transição, de dois anos.


O sucesso da empreitada depende da massificação das tecnologias novas e da reação dos consumidores. As mecânicas de combustão interna são dominantes e 2019 não eliminou as nuvens negras da linha do horizonte. No mercado europeu, até outubro do ano passado, os automóveis elétricos representaram só 1,7% das vendas de carros novos, o que não representa progresso no confronto com 2018. No mesmo período, os híbridos com tecnologias de recarga externa das baterias conseguiram apenas 1% de quota.


Em Portugal, independentemente das promessas políticas de promoção da mudança de paradigma na mobilidade, incluindo com o aumento do número de terminais para o recarregamento das baterias, condição importante para o sucesso da eletrificação, mais do mesmo. De 2018 para 2019, as vendas de automóveis elétricos diminuíram em vez de aumentarem, de 8241 carros para 6883. A redução de 16,4% na procura coincidiu com crescimento importante no número de modelos à venda no mercado. Um paradoxo alarmante.


Para 2020, mais pessimismo do que otimismo. Lá fora e cá dentro. No nosso País, o ano passado, pela 1.ª vez desde 2012, redução de 2% nas vendas de automóveis novos, na comparação com 2018, para 223.799 ligeiros de passageiros. Nos próximos meses, em simultâneo com a introdução de mais elétricos e híbridos, desaparecimento dos motores a gasolina e Diesel mais poluentes, marcas com gamas limitadas só ao essencial. Assim, crescimento impossível…