Editorial: Apagão como cortina de fumo
Tal como no início de épocas anteriores, o FC Porto apresenta um futebol medíocre
Era de prever, aliás tive oportunidade de referir-me abundantemente a esse tema, que o Campeonato Nacional de 2023/2024, pela circunstância especial em que iria desenrolar-se, tinha tudo para ser o mais explosivo de sempre. De quatro equipas manifestamente superiores às restantes, todas com a legítima ambição de entrar na Champions dos 100 milhões, apenas o primeiro terá lugar garantido na piscina do ouro, o segundo terá de passar pelo crivo da pré-eliminatória e do play-off, e os outros dois terão como destino a Liga Europa, que paga trocos quando comparada com a irmã rica.
Não é, pois, por acaso que estamos a assistir à histeria do FC Porto, com Sporting e Benfica a sentirem necessidade de marcar uma posição sobre a arbitragem.
Mas sejamos absolutamente claros: a equipa de Sérgio Conceição, que tem o mérito de nunca atirar a toalha, ganhou seis dos dez pontos que tem em sofrimento, com golos marcados no tempo complementar, e está a jogar muito pouco futebol. Poderemos explicar este baixo nível exibicional dos dragões com as saídas de Uribe e Otávio, mas será mais avisado lembrar que em inícios de época anteriores, o FC Porto também escorregou , caindo com estrondo, face ao Krasnodar, e perdendo jogos em Barcelos e Vila do Conde. Os dragões, normalmente, têm feito os campeonatos em crescendo, ou como dizem os espanhóis, de menos a mais, e esta temporada está a começar como muitas outras no já longo consulado de Conceição. A única coisa que difere de anos anteriores é o FC Porto saber que, se falhar a Champions, poderá atrasar-se face à concorrência, daí o nervosismo que se sente na equipa, nos dirigentes e no treinador, protagonista de uma cena inenarrável em Aveiro, um nervosismo que se estende às bancadas do Dragão.
Por mais piscinadas que Taremi tentasse, e numa delas foi premiado, o problema do FC Porto frente ao Arouca não foi a comunicação telefónica do árbitro com o VAR - prevista no protocolo e que repôs a verdade desportiva - aproveitada pela comunicação portista como cortina de fumo para escamotear o essencial, que é o facto da equipa não estar a carburar, as dúvidas serem mais que as certezas, e o facto do Benfica ter ganho a Supertaça só veio agravar o cenário. Deixo uma pergunta: Se isto começa assim, como irá acabar?