E o Vasco da Gama?
'JAM sessions' é o espaço de opinião semanal do jornalista João Almeida Moreira, correspondente de A BOLA no Brasil
Que o Brasil domina a Taça dos Libertadores desde há uns anos, já se sabe: desde que se instituiu a modalidade da final em jogo único, só deu Brasil, seis vitórias em seis edições, quatro delas apenas entre clubes do maior dos países sul-americanos.
Mas nas últimas três Libertadores outro padrão se estabeleceu: o Rio de Janeiro, terceira maior cidade da América do Sul, com 12 milhões de habitantes na área metropolitana, só atrás de Buenos Aires, 13 milhões, e da líder São Paulo, 21, levou todas para casa.
Primeiro o Flamengo, campeão em 2022, com golo de Gabigol, que já havia marcado os dois golos da final de 2019, depois o Fluminense, em 2023, com golos de Cano e John Kennedy, e agora o Botafogo, com golos de Luiz Henrique, Alex Telles, de penálti, e Júnior Santos.
Além da torcida do Fla, que tem acumulado outros títulos graças à gestão consciente do presidente Eduardo Bandeira de Mello que permitiu ao sucessor Rodolfo Landim investir pesadamente, e a do Botafogo, sob uma chuva de dólares de John Textor, também a do Flu, beneficiando-se de uma aposta ganha, mas aparentemente circunstancial, em jogadores veteranos, estão felizes.
Falta a segunda maior torcida do Rio, atrás só da do mengão, e quinta do Brasil, atrás também do trio de ferro paulistano composto por Corinthians, São Paulo e Palmeiras, festejar: a do Vasco da Gama, o popular Vascão, clube fundado pela imensa colónia portuguesa na Cidade Maravilhosa.
Em São Januário, ao contrário do que sucede com os rivais, não tem havido nem títulos, nem investimento. Nem, mais grave ainda, esperança.
Aliás, até houve mas logo se esfumou: a 777 Partners prometeu mudar o patamar do Vasco mas saiu pela porta pequena do clube cruzmaltino e da indústria do futebol em geral, deixando Pedrinho, ex-atleta vascaíno, com a batata quente da gestão da SAD (ou SAF, no Brasil) até à chegada de outro investidor.
Pois ele parece que chegou: é o bem conhecido dos portugueses, dos ingleses e dos gregos, claro, Evangelos Marinakis, que já disse à Sky Sport, como foi noticiado na última semana, estar a tentar juntar o Vasco ao Olympiakos, ao Nottingham Forest e ao Rio Ave na sua carteira de clubes, com a ajuda técnica de Edu Gaspar, ex-diretor do Arsenal e da seleção brasileira.
Títulos? Não se sabe se o Vasco vai ganhar. Investimento? Para já, claro, nem um euro, um dólar ou um real chegaram a São Januário. Mas a esperança, que é a última a morrer, está a caminho do gigante da colina.