E agora, avozinho?

OPINIÃO16.10.202408:00

O processo de corrupção e fraude fiscal contra a SAD do Benfica é uma machadada enorme na reputação do clube. 'Estádio do Bolhão' é o espaço de opinião semanal do jornalista Pascoal Sousa

Luís  Filipe Vieira foi lesto a dar uma entrevista à CMTV na qual, além de se perceber que se sente acima da instituição Benfica, carpiu mágoas a propósito dos processos judiciais que lhe arruinaram a vida. «Destruíram a minha família. Para mim é imperdoável. Estragaram a vida, perseguiram-nos... sabem o que é um neto perguntarem-nos se roubámos o Benfica?» Pois não deve ser nada agradável.

E um avô benfiquista, qualquer um deste país e resto do mundo onde há portugueses que sofrem pela causa, ser questionado pelo neto se os encarnados vão ser suspensos das competições desportivas? Também é chato. E a pergunta vai ser recorrente, porque em Portugal um processo desta natureza, relacionada com corrupção e fraude fiscal, arrasta-se por anos.

A justiça fará o seu caminho, mas é uma nuvem negra na vida de um clube de dimensão mundial. Se for requerida instrução (é o mais certo) o processo ainda dará para uma nova geração de benfiquistas viver nesta incerteza que decorre das conclusões do Ministério Público (MP). Rui Costa, atual presidente, foi ilibado do processo, tal como José Eduardo Moniz e Nuno Gaioso, ex-dirigentes, mas, ao mesmo tempo, o líder do clube foi arrolado como testemunha do MP.

Uma situação inaudita, tendo em conta os custos desportivos e financeiros que este processo pode ter para a SAD encarnada. O que vai dizer Rui Costa, sob juramento? Isto é tudo o que o Benfica não precisava numa fase de recuperação desportiva desde que Bruno Lage assumiu o comando. Ou alguém duvida que terá o seu peso?