Domingos a mais
Quer Rui Costa continuar a dividir o poder com Domingos Soares de Oliveira?
S OUBE-SE agora a acusação do saco azul, mas como não resultará dali qualquer penalização desportiva, dispensou-se destaque em notícias e comentários. Como o futebol do nosso país está recheado de gente séria, possíveis crimes de fraude fiscal, falsificação de documentos e branqueamento de capitais são irrelevantes por comparação à bola ter que entrar na baliza. Quando se pensava que o cadáver de Vieira petrificava longe da Luz, o MP renasce-o do buraco onde se encontra por acreditar que encetou um plano em 2016 para fazer sair dinheiro das contas da SAD e da Benfica Estádio sob a forma de pagamentos a terceiros com o intuito de fazer regressar 89% desse valor em numerário. Miguel Moreira conheceu o plano, aceitou participar nele e ainda arranjou um testa de ferro para fazer viajar o dinheiro sacado. Como Vieira não podia assinar sozinho pela dupla de empresas arguidas, chamou Soares de Oliveira para pactuar no esquema, o qual também acedeu. Esta é a visão míope do MP pois é este quem revela, na própria acusação, que o fluxo económico fictício engendrado assentou em circunstâncias não concretamente apuradas. Ou seja, parece não existir prova que o dinheiro voltou para as empresas ou bolsos do trio. Até porque é nos elementos subjetivos dos tipos de crime da acusação que percebemos que existe uma mera ideia do MP que Vieira, Oliveira e Moreira trabalharam para que as verbas pagas através de faturas falsas pelas empresas suas representadas regressassem para a posse destes em numerário para poder ser utilizado de forma não documentada. Subjetivo não joga a favor do MP. E se a SAD e o Estádio apresentassem agora queixa por terem sido roubados com base na acusação do MP? Dúvida final: Rui Costa quer continuar a dividir o poder com Oliveira? Belo parceiro que lhe chamou preguiçoso, imputou despesas indevidas na SAD, fomentou auto-auditorias bacocas, parou atualização dos Estatutos para o clube e faz parte de passado que se quer esquecer. Belo cartão de visita para assumir e gerir empresa milionária da Liga.