Opinião «Dimanches: au revoir»
«Cortar a direito», por João Diogo Manteigas
Entrou imposto pelo BES, à semelhança do seu primeiro presidente. E, tal como ele, também foi constituído arguido em processos relacionados com as próprias entidades para as quais trabalharam. Em abrangência de trabalho, lidou e controlou muito mais do que aquilo que o futebol tem para dar numa sociedade desportiva. Mandou mais que os presidentes e era considerado, internamente, como o verdadeiro DDT. Validava, no futebol, as operações financeiras que originaram das maiores transferências jamais vistas em Portugal.
Vai ser contratado por um clube das arábias mas que não irá pagar à Benfica SAD o valor milionário da sua rescisão. Será ainda a sua própria entidade empregadora quem irá assumir, segundo se diz por aí, uma quantia exorbitante a rondar os 3 milhões de euros brutos. Metade vai para os cofres da dupla de sócios benfiquistas Medina e Costa.
Aparentemente, o último ato de Domingos Soares de Oliveira passa pela apresentação das contas da Benfica SAD aos acionistas. Basicamente, no que releva, vai ler dos papéis uma descida da dívida líquida de 4,5 por cento mas fixada em 140,8 milhões. Com a sua saída pré-anunciada, é previsível que se aposente após terminar a sua próxima etapa profissional em Jidá. Aqui irá enriquecer em termos salariais que serão muito superiores aos que auferia na SAD e cuja metade desses rendimentos teve que entregar ao Estado. Vamos esquecer os prémios que auferiu.
Resta saber se manterá alguma atividade relacionada com a Liga de Clubes, a qual apostou nele para assumir um papel fundamental na Liga Centralização que irá promover a definição da proposta para o futuro modelo de comercialização centralizada dos direitos televisivos e multimédia a par dos conteúdos audiovisuais das competições profissionais de futebol em Portugal. Por outras palavras, será esta Liga Centralização quem vai assumir o motor da posterior comercialização dos referidos direitos. Pode ser que angarie, pelo meio do seu trajeto na Arábia, uns investidores para a aquisição dos direitos das nossas Ligas. Sempre são melhores competições que aquela onde vai ingressar. Vamos ver se, após aterrar na nova experiência no estrangeiro, marcará alvos como Veigas para varrer.