Vitória épica no dérbi de Manchester pode ser o clique que Amorim precisava para a mudança; empate na Vila das Aves terá sempre de ser um ponto de viragem para o Benfica de Lage
Três vitórias, um empate e duas derrotas. O registo de Ruben Amorim nos primeiros seis jogos como treinador do Manchester United não foi propriamente brilhante. Ficou dentro do padrão dos últimos treinadores dos red devils, por assim dizer. Mas a vitória no primeiro dérbi com o City, alcançada no reduto do rival, e de forma épica, pode servir de empurrão para o tremendo desafio que o antigo treinador do Sporting tem pela frente.
O resultado não apaga a evidência de que há muito trabalho para fazer, mas uma reviravolta frente à melhor equipa inglesa da última década, que por acaso até é vizinha, pode ajudar Amorim a conquistar jogadores e adeptos do United, e de caminho angariar o respeito de adversários e analistas.
Este bem pode ser o pior momento de Pep Guardiola em Inglaterra, mas isso pouco importará aos diabos vermelhos, e se Ruben já tinha derrotado o City esta época, ao serviço do Sporting, repetir a proeza só ajudará a fazer com que olhem para ele como a pessoa certa para a missão. Ainda para mais depois de ter assumido uma posição de força dentro do balneário, ao deixar Rashford e Garnacho de fora. O resultado tem tudo para puxar para o lado do treinador aqueles que verdadeiramente interessam, e talvez daqui a uns tempos estejamos a recordar este jogo como o dia em que a mudança começou verdadeiramente.
Jogo com pouco acerto ofensivo teve o Manchester City quase sempre na frente do marcador, mas golos aos 88' e 90' valeram os três pontos ao United
Há jogos que marcam um trajeto, e no caso do Benfica deve existir agora a preocupação de mostrar que o empate frente ao Aves SAD foi um momento de aprendizagem, e não a confirmação de uma quebra. O presidente Rui Costa fechou a Assembleia Geral a desejar a liderança como prenda de Natal, mas horas depois o Sporting voltou às vitórias, e acabou por ser o Benfica a perder pontos, deixando de depender de si próprio para festejar a consoada como líder.
A equipa encarnada tem dado sinais de estagnação em dezembro, até pelo fulgor perdido por alguns dos seus principais elementos. Bruno Lage, que tem resistido a mexer mais no onze do que é obrigado, fez agora quatro alterações não forçadas, mas isso não resultou num Benfica mais autoritário.
Não há bem que nunca acabe, lá está, mas o jogo da Vila das Aves terá mesmo de ser um momento de viragem para o Benfica, até pelo que aí vem. Se não servir de aprendizagem para retomar um caminho ascendente, então pode ficar como um marco negativo no projeto da reconquista.
Benfica domina primeira parte e foi dominado na segunda. Fim da série de oito vitórias seguidas e a prova de que não há bem que nunca acabe. Agravam-se sinais preocupantes dos dois jogos anteriores