Das coisas com valor
Há demasiados excessos há demasiado tempo e de demasiados lados. Somos humanos, mas...
«ADORMECEMOS num mundo e acordámos noutro. De repente, a Disney perdeu a magia, Paris deixou de ser romântica, Nova Iorque perdeu a imponência e Meca ficou vazia. Os abraços e beijos tornaram-se armas. Não visitar pais e amigos tornou-se um ato de amor. Vejam bem a ironia... estar longe é agora a melhor forma de estar perto. De repente percebemos que poder, beleza e dinheiro não valem nada. Não podem comprar o oxigénio pelo qual tantos estão a lutar. O mundo? O mundo mantém o seu rumo. Continua sublime, fantástico. Mas, por momentos, fartou-se de nós. Trancou-nos em jaulas. Acho que nos está a enviar uma mensagem, está a dizer-nos... por quem te tomas, afinal? Tu não és necessário. O ar, a terra, a água e o céu são e estão bem sem ti. Muito bem. Quando voltares, lembra-te que és meu convidado, não o meu mestre.»
O texto, que não é da minha autoria, tem o mérito de nos pôr a pensar. Tem a capacidade de nos colocar no lugar, se tivermos humildade e inteligência emocional para isso.
Temos mesmo que repensar a forma como estamos na vida, connosco e com quem nos rodeia. Não podemos continuar a alimentar a vilanice de nos ofendermos gratuitamente. De nos desrespeitarmos só porque discordamos. De nos agredirmos só porque não gostamos.
Não é só o nosso anfitrião que estamos a maltratar. São também os nossos iguais. Aqueles que lutam pelo mesmo que nós. Aqueles que desejam o que nós desejamos. Aqueles que são exatamente como nós.
Não discutimos porque somos diferentes. Discutimos porque somos iguais. E isso faz de nós, seres inteligentes e finitos, demasiado burros e banais.
A vida precisa de ser vivida em paz. Paz genuína, não interesseira. Paz sincera, não batoteira. E tal como ela, o futebol precisa de ser sentido com dignidade, elevação e desportivismo. Na vitória e sobretudo na derrota. Nos bons e sobretudo nos maus momentos.
Quando não é, ele não diz nada sobre o jogo, mas diz muito sobre quem o joga.
Ninguém é santo e o mundo não é um santuário. Repudiar, censurar e criticar são trunfos para a evolução de qualquer pessoa de bem, mas apenas se usados no tom, forma e lugar certos. Há demasiados excessos há demasiado tempo e de demasiados lados. Somos humanos sim, mas não precisamos ser demasiado humanos.
A ver se o tempo na jaula nos ensina a despertar para esta coisa de dar mais valor às coisas valiosas e menos às efémeras. Um dia, vamos envelhecer e fazer algo diferente (ou não fazer nada). Como é que queremos chegar lá? Com quem soubemos manter por perto ou lamentando aqueles que desperdiçámos pelo caminho? Para quê? Valeu a pena?
Acordem antes que seja tarde.