Como veremos João Neves em setembro?
Há um jogador que pelo seu talento, golos, posição, idade e, já agora, currículo, deveria ter um preço a 'tocar no céu' e fosse muito para lá da centena
Há uns anos, quem seguia o campeonato argentino com alguma atenção, claramente identificava dois jovens como os mais promissores do campeonato daquele país. Um deles era Enzo Fernández, do River Plate. O outro, porém, era mais do que uma promessa, era uma quase certeza.
O River Plate formou alguns dos maiores goleadores da História. Nem é preciso falar de Labruna ou Pedernera, os mais preponderantes da famosa equipa La Maquina, que marcou uma geração naquele clube. Basta lembrar nomes mais recentes: Gonzalo Higuain, Radamel Falcao, Hernan Crespo ou Javier Saviola. Mas por lá passaram mais: Abel Balbo, Gabriel Batistuta, Claudio Caniggia, Julio Cruz, Marcelo Salas, Alexis Sanchez e, já agora, Mario Kempes, Enzo Francescoli e don Alfredo Di Stéfano
Como nota de rodapé, até David Trezeguet, internacional francês, foi Millonario.
Esta é o legado em Nuñez, onde há uns anos «rompeu» o talento de Julian Álvarez, considerado herdeiro da história de delanteros do River. Quando ainda se duvidava de Enzo Fernández, já se tinha todas as certezas da Araña. Alvarez era o mais prolífico avançado que a Argentina vira em largos anos e tanto assim foi que o Manchester City nem hesitou. Atravessou o Atlântico, pagou 20 milhões ao River Plate e ainda o deixou em Buenos Aires mais seis meses. Guardiola estava disposto a esperar!
Julian Alvarez valia a pena.
Na verdade, valia e vale, mas o ManCity tem Haaland e, ironicamente, não há espaço para tanto golo num só onze. Aos 24 anos, a Aranha ganhou tudo o que há para vencer no seu futebol: campeonato, taça e supertaça da Argentina e ainda o troféu de campeões; Libertadores e supertaça sul-americana; Premier League inglesa, taça de Inglaterra, Liga dos Campeões, Supertaça Europeia, Mundial de Clubes; Copa América e Mundial.
Perante tanto talento, golos, posição, idade e, já agora, currículo, seria de esperar que o preço de Álvarez tocasse no céu e fosse muito para lá da centena. Mas não é isso que sucede. O Atlético de Madrid pagará 95 milhões de euros. É muito dinheiro, claro que é, é quase o triplo do último Euromilhões, mas num outro mercado, ou seja, num outro verão, a maior venda da História do Manchester City deixaria muitos a coçar a cabeça. Bom negócio? Noutro verão, nem por isso, neste talvez.
As contas do mercado e a qualidade dos negócios fazem-se em setembro. Porque só aí se percebe se 95 milhões de euros são pouco para Julian Alvarez ou se 60+10 não são nada maus para um médio português (João Neves)... isto de um ponto vista económico, porque se falasse o coração, Alvarez ainda seria Millonario.