Calciocaos

OPINIÃO24.12.202106:00

Federação italiana já desencadeou investigação, mas terá meios para isso?

C OM o Calciopoli, a Juventus desceu à Série B e iniciou essa competição com menos 17 pontos. O Milan aguentou-se na série A (devido a Berlusconi) e iniciou a época com menos 8. Lazio, Fiorentina, Reggina e Siena disputaram a prova com pontos negativos. O terramoto desencadeado por Luciano Moggi (ex-diretor-geral da Juventus, inicialmente suspenso por 5 anos e depois banido), levou-nos a acreditar numa desintoxicação total do futebol italiano. Não aconteceu. Com história de corrupção com direito a sequestro (do árbitro Paparesta) pelo meio, deparámo-nos esta semana com a brigada financeira italiana a irromper pela sede da Liga e instalações do Inter. Em causa investigação preliminar de possível fraude contabilística relacionada com transferências de jogadores em 2017/2018 e 2018/2019 e que geraram mais-valias de 100 milhões. A sempre presente Juventus, relembre-se, já tinha aberto a porta para buscas em investigação similar por mais-valias resultantes de «transferências cruzadas» ou «trocas falsas» à razão de 282 milhões. Nada mais nada menos do que jogada contabilística que permite a dois clubes venderem jogadores entre si sem desembolsarem muito dinheiro com o fito de reconhecer contabilisticamente ganhos de capital e melhorar o desempenho financeiro para não serem apanhados pelo Financial Fair Play da UEFA. A Federação italiana já desencadeou investigação sobre este tipo de ganhos  mas terá meios? Por cá, nem as regras se mudam para meios de controlo válidos. Esta semana tive a infelicidade de esbarrar nos jogadores de uma SAD da Liga que com eles assinou compromisso de pagamento do salário de novembro passado até esta semana. Até agora, nada. Depois da vergonha de Belém cuja responsabilidade incide no presidente da B-SAD, o caso do Salernitana faz a liga italiana roçar o ridículo quando permitiu que a época se iniciasse com um acionista maioritário no capital do Salernitana que é, ao mesmo tempo, coproprietário da Lazio. Estranha noção de concorrência e fair-play. Já para nem para falar de apostas desportivas.