Bubka e a fasquia

OPINIÃO08.04.202207:00

O ‘primeiro’ ucraniano, o do salto com vara; o Mourinho que faz falta; ‘fair play’ para todos?

Os meus primeiros verdadeiros Jogos Olímpicos foram em 1988, em Seul, sem boicotes a leste e a oeste, após a guerra fria ter feito baixas em Moscovo-1980 e Los Angeles-1984, quando atletas do bloco ocidental e oriental, respetivamente, sucumbiram ao poder da baixa política. Dos Jogos da capital sul-coreana, a quase 15 mil km no sofá lá de casa, lembro-me, sobretudo, de Rosa Mota a cruzar a meta de braços erguidos e a cobrir-se de ouro. Guardo também a decisão do salto com vara, a minha disciplina favorita no atletismo, talvez porque me parece ainda mais impossível de tentar que todas as outras. Com as cores da União Soviética, Sergey Bubka voou a 5,90 metros e ocupou o lugar mais alto do pódio - recordo ter lido que se tratava de Bubka, o soviético oriundo da então república da Ucrânia. É a primeira memória que tenho de um desportista ucraniano antes de Shevchenko brilhar no futebol e os irmãos Klitschko no boxe. O muro de Berlim cairia no ano seguinte, os ucranianos deixariam de sentir o peso da foice e do martelo para se tornarem país independente em 1991. Agora que um louco ameaça a pátria de Bubka, 34 anos após salto para a imortalidade, desejo que a fasquia nunca fique demasiado alta para os ucranianos. 

Lufada de ar fresco no Benfica, UD Leiria, FC Porto, Chelsea e Inter, José Mourinho deixou-se contaminar pela poluição no balneário do Real e perdeu em Madrid parte daquela aura especial. Por outras palavras: o melhor treinador português de sempre tornou-se rezingão, às vezes até chato. Voltar a vê-lo tirar um coelho da cartola, na antevisão ao jogo com a Sampdoria, quando surpreendeu um jornalista mostrando-lhe um papel no qual antecipara que a segunda pergunta seria sobre Zaniolo, mostrou faceta de Mou que faz falta ao futebol.

A UEFA aprovou novas regras para o fair play financeiro a partir de 1 de junho - PSG e Man. City já trabalham na forma de contorná-las...