Bons sinais vindos da Luz

OPINIÃO04.07.202206:55

O mercado parece estar a correr bem e o treino aberto de ontem foi um sucesso. Está a trabalhar bem em todas as frentes este ‘novo’ Benfica

F ECHADO o primeiro mês do mercado de transferências - parece impossível mas ainda temos mais dois meses disto pela frente... - o Benfica está, sem grandes surpresas, na linha da frente se olharmos para o que tem sido o defeso dos três grandes. Não podia ser, convenhamos, de outra forma, por todas as razões e mais algumas.

 Para começar, por exigência de calendário: sendo verdade que o FC Porto até entra em ação mais cedo do que os encarnados com o jogo da Supertaça frente ao Tondela, é inegável que são muito mais importantes os primeiros jogos oficiais do Benfica, já que decidem, logo em agosto, a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, que o clube da Luz não pode falhar, pelo prestígio mas, em especial, por motivos financeiros. Proibido de falhar, o Benfica não se pôde dar ao luxo de (ao contrário do que puderam fazer FC Porto e Sporting) dedicar o mês de junho às vendas como forma de equilibrarem as contas no orçamento referente à época 2021/2022. Venderam muito e bem os encarnados, é verdade, mas também compraram muito (se bem veremos lá mais para a frente) por força da necessidade de o treinador começar a trabalhar o mais cedo possível com aqueles que farão parte do plantel em 2022/2023. Ainda há muitos para sair e alguns para entrar, mas o novo Benfica começa, por necessidade, a ganhar forma mais cedo do que qualquer outro clube português.

A segunda razão para este mercado frenético desde o início para os lados da Luz prende-se, naturalmente, com o facto de o Benfica ter um novo treinador. Roger Schmidt, como quase sempre acontece quando um técnico chega a um clube, tem as suas próprias ideias de jogo e, até, alguns jogadores referenciados, que gostaria de ver na Luz. A chegada de um novo treinador, em especial num Benfica que não ganhou um único título na época passada, seria sempre acompanhada por uma revolução no plantel. Revolução que, parece impossível tendo em conta o número de movimentos já realizados pelos encarnados em pouco mais de um mês de mercado mas é verdade, ainda só irá a meio.

A terminar, logicamente, a necessidade de mudar de forma drástica um plantel que, nem era preciso chegar um treinador novo para percebê-lo, estava muito longe de poder corresponder às exigências de um clube como o Benfica. Não estamos, repare-se, a falar de retoques. Estamos mesmo a falar de uma remodelação profunda. E quando há muito a mudar, claro, não há tempo a perder. É meter mãos à obra. Foi o que o Benfica fez.

Haverá quem não resista à tentação de classificar o Benfica de campeão do mercado. Será, convenhamos, exagerado e extemporâneo. Exagerado porque não tinham, os encarnados, competição a nível interno, já que FC Porto e Sporting mantiveram os treinadores e têm assegurada a presença na Champions. Não têm pressa. E não se pode ganhar um campeonato em que se joga sozinho. Extemporâneo porque só mais lá para a frente veremos como resolve a Direção do Benfica alguns dos casos bicudos que ainda tem para resolver e, mais importante, se todas as contratações constituirão, realmente, mais-valias.

Para já, e ainda bem para Rui Costa e companhia, os adeptos parecem entusiasmados. Basta olhar para a moldura humana que ontem se deslocou ao Estádio da Luz para assistir ao primeiro treino aberto da temporada, e para a forma como aplaudiram todos os jogadores presentes nos trabalhos, para se perceber que os benfiquistas estão ao lado da equipa. É verdade que é assim em quase todo o lado, o início de cada temporada traz uma nova esperança e o que ficou para trás é, pelo menos numa fase inicial, esquecido. Mas sendo verdade que o plantel precisava de reforços, é também certo que os jogadores precisavam de sentir o carinho dos adeptos. E a tarde de ontem mostrou que está, este Benfica que é novo também nos bastidores, a trabalhar bem em todas as frentes. Não ganha campeonatos, mas ajuda...

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