Benfica e Ajax: as diferenças

OPINIÃO05.10.201901:12

Deve o Benfica comparar-se ao Ajax também no que a aspirações europeias diz respeito? Sim. Pelo historial, por serem grandes nos países imediatamente abaixo do top 5 e porque as águias são superiores em vários  aspetos.


Excetuando a época passada, os holandeses tinham feito pior em 10 temporadas na UEFA: uma final da Liga Europa  (duas para o Benfica), nenhuma passagem aos oitavos da Champions (três para o Benfica) e uma época sem presença europeia (o Benfica fez o pleno). Em receitas sem contar com vendas, a superioridade é encarnada: €150 milhões em 2017/2018 (segundo o relatório da Deloitte) contra €92 milhões do Ajax; na faturação com vendas desde 2010/2011  a diferença é ainda maior: o Benfica faturou €975 milhões e gastou €353 milhões, enquanto o Ajax faturou €520 milhões e gastou €220 milhões. Ou seja, o Benfica tem um saldo positivo de €621 milhões contra €300 milhões. Ainda segundo a Deloitte, o Benfica tem mais seguidores que o Ajax no Facebook, Twitter e Instagram.


Então porque o Ajax esteve a um minuto da final da Champions na época passada e o Benfica mantém um registo sofrível na prova? Parte da resposta poderá estar aqui: o campeão holandês tem uma taxa de aproveitamento das contratações muito maior. Nos últimos cinco anos, 16 reforços tiveram sucesso contra 9 que não trouxeram mais-valia desportiva (três deles guarda-redes); no Benfica passou-se o contrário: 9 reforços deram certo contra 25 casos de insucesso. Com a chegada do treinador Erik ten Hag em 2017, do Utrecht, e em sintonia com o diretor desportivo Marc Overmars, os holandeses mudaram também o paradigma: além da formação, passaram a contratar dois a três jogadores caros por ano . Aconteceu assim com Tadic (€11,4 milhões) e Daley Blind (€16 milhões), o mesmo se repetiu neste verão após as saídas de De Ligt e De Jong com as chegadas de Quincy Promes (€15, 7 milhões), Edson Álvarez (€15 milhões) e Razvan Marin (12,5 milhões). Quanto às pérolas da formação, a regra é mantê-las dois/três anos até saírem - os seis jogadores da academia do onze base que brilharam na Champions já estavam no segundo ou terceiro ano a jogar na equipa principal (Onana, 3.ª época; De Ligt, 2.ª época; Mazraoui, 2.ª época; Van de Beek, 3.ª época; De Jong, 3.ª época; Dolberg, 3.ª época).
Conclusão: o Benfica faz mais dinheiro, o Ajax faz muito melhor com os meios que tem.