Benfica: com nove titulares já certos, há dois lugares para especular
Ver Schmidt tirar um coelho da cartola para se ajustar ao Sporting e tentar surpreender Rúben Amorim seria uma grande surpresa
Se juntarmos ao facto de Roger Schmidt ser pouco dado a mudar a equipa, a circunstância de os encarnados terem realizado na última terça-feira a melhor exibição da época, na Luz, frente ao Sporting, para a Taça de Portugal, concluiremos, obrigatoriamente, que o onze que o técnico alemão irá escolher para o dérbi de amanhã, em Alvalade, será o mesmo.
Porém, porque do lado do Sporting, além do regresso de Pedro Gonçalves – que tem golo e é, ao mesmo tempo, capaz de se transformar numa unidade mais a meio-campo —, é muito provável que Rúben Amorim repita o que fez na segunda parte da Luz, privilegiando o ataque pela direita com Geny Catamo, e assumindo maior prudência à esquerda com Matheus Reis (quer para deixar espaço às movimentações, nesse setor, de Pedro Gonçalves, quer para melhor conter a parceria Bah/Di María), Roger Schmidt poderá ponderar uma ou outra nuance. Para já, salvo algum imprevisto de última hora, vamos aos jogadores encarnados com lugar certo, amanhã, na equipa inicial: Trubin; Bah, António Silva, Otamendi, Aursnes; Florentino, João Neves; Di María, Rafa. Estes nove elementos parecem intocáveis. Sobram duas vagas, que permitem várias mudanças, sobretudo estratégicas, porque a base de 4x2x3x1 deverá ser mantida. Se a opção for por um ponta-de-lança clássico, não há nenhuma razão para que Tengstedt não mantenha a titularidade: nele, como acontecia com Gonçalo Ramos, inicia-se o trabalho defensivo da equipa; é expedito a acorrer às diagonais que muitas vezes surgem diretamente dos seus defesas; e consegue, através de uma movimentação constante, manter os três centrais do Sporting em estado de alerta. Portanto, não faria sentido que o dinamarquês ficasse no banco, para dar lugar a Arthur Cabral ou Marcos Leonardo, que apresentam características diferentes, e são menos suscetíveis de bom rendimento quando são chamados a um trabalho não só mais invisível como, sobretudo, mais solitário.
Outra coisa é se Roger Schmidt optar por deixar Rafa na posição mais adiantada da equipa, para aproveitar os espaços que o previsível balanceamento atacante do Sporting, a jogar em casa, permitirá, colocando nas suas costas o turco Kokçu, que não jogou na terça-feira, está fresco, e a um só tempo podia reforçar o meio-campo (contrabalançando a entrada de Pedro Gonçalves nos leões), ganhar poder de fogo na meia-distância, e ter alguém que combinasse, em proximidade, com Rafa. Se esta hipótese vingasse, não seria descabido ver-se João Mário na esquerda, em vez de Neres, para dar não só maior equilíbrio ao meio-campo (onde o Sporting tem sido muito forte), como ainda conter as subidas de Geny Catamo, que, embora ainda apresente algumas debilidades defensivas, é um desequilibrador nato quando a sua equipa tem a bola. Ou seja, a titularidade de João Mário (em detrimento de Neres), mesmo que a opção seja a de manter Tengstedt com Rafa nas costas, não deve ser considerada uma carta fora do baralho. Outra hipótese, quiçá a mais equilibrada, a que Roger Schmidt tem resistido, seria a de dar a posição dez a Kokçu, manter Tengstedt a nove, e fazer derivar Rafa para a esquerda, que seria ponto de partida para as suas ações de um-contra-um.
Estas são, pois, algumas hipóteses que devem estar sobre a mesa de trabalho do treinador alemão do Benfica, de olhos postos no dérbi de amanhã, que tem tudo para ser considerado o jogo do título. No entanto, se tivesse de apostar no onze que será escolhido por Roger Schmidt, colocaria as fichas na mesma equipa que iniciou o belíssimo jogo da última terça-feira, onde o Benfica acabou por receber menos do que aquilo que fez por merecer. Depois de analisar, ao longo de quase dois anos, a forma de pensar de Schmidt, que tem um futebol de matriz ofensiva mas é profundamente conservador quanto a mudanças (até durante os 90 minutos…), vê-lo tirar um coelho da cartola, para se ajustar ao Sporting e tentar surpreender Rúben Amorim, seria uma grande surpresa. Amanhã se verá…