As expectativas aos 19

OPINIÃO10.01.202001:05

Quando lemos afirmações de jogadores de que já cansam as perguntas, constantes, que lhes fazem sobre um miúdo de 19 anos, estamos perante um quadro de enorme pressão. Para todos. Principalmente para quem chegou há pouco tempo ao nível mais elevado, mas pelo seu enorme potencial, reflectido no valor da transferência, criou expectativas nos adeptos de que em todos os jogos seria a chave para a resolução dos problemas. Esta situação não acontece hoje pela primeira vez, é a repetição de algo que se passou com outros jovens com 19 anos, ou próximos dessa idade. Nestes dias fala-se de João Félix, mas podemos relembrar, por exemplo, João Vieira Pinto, Simão Sabrosa ou Ricardo Quaresma.
Quando se aposta num jovem de enorme talento, independentemente do valor da sua transferência, deve-se estar preparado para lhe dar tempo.  Ninguém cresce sem fazer, e numa fase inicial tem mais probabilidades de cometer erros. O único caminho é potenciar as capacidades excepcionais que esses jovens têm. Perceber que a equipa tem que os ajudar a crescer para posteriormente eles darem ao colectivo aquilo que a maioria não tem, a capacidade de resolver jogos. Não precisam de jogar sempre, se o fazem é porque o treinador já entende que o jovem se tornou a melhor opção. Contudo, o jogador também tem que ter capacidade para perceber como se estabelece o seu percurso de crescimento e influência no jogo da equipa. Ronaldo e Messi, para dar como exemplo os dois maiores casos de influência no rendimento das suas próprias equipas, também passaram pelo seu processo de desenvolvimento individual e colectivo. Hoje lideram, não só pelo talento, mas também pela experiência.
Torna-se decisivo perceber que este momento, entre os 17/18 anos e os 21/22, é fundamental para o que sucede posteriormente. Este entendimento deve ser de todos, do jogador e do treinador, do clube e do adepto. A pressão é para ser vencida com trabalho e paciência.