Amorim não teve um pesadelo… mas a noite não foi tranquila

OPINIÃO23.12.202105:00

Mesmo de fato-macaco, com o terreno pesado, contra uma equipa que vale muito mais do que qualquer distraído possa pensar, o Sporting continua a amealhar vitórias

NÃO foi fácil, nada fácil. O Casa Pia, clube onde Rúben Amorim se estreou como treinador estagiário, deu água pela barba (na verdade com a chuva deu água por todos os lados) ao Sporting. O treinador dos leões disse que perder ali seria um pesadelo, uma vez que só tem boas recordações de Pina Manique. Ganhou, mas…
Ganhou mas o Casa Pia entrou a vencer e só aquele ponta de lança que no Sporting é o capitão, o central o chefe da banda, o maior e mais alto, chamado Coates, repôs o empate, ainda na primeira parte. O golo que daria a vitória ao Sporting, foi por um dedo: um remate de Sarabia aos 57 minutos, que bateu na trave e veio à relva, saindo. Felizmente, na trajetória descendente a bola entrou completamente na baliza. Antes, já Pote tinha atirado à trave e já uma série de golos tinham sido desperdiçados; depois, Tabata foi expulso (não sei se com razão) e o Sporting conteve-se. Mas não se pense que foi um passeio; nada disso. Passeámos mais no Estádio da Luz, ali perto, do que no Pina Manique, que fica junto de onde acaba a CRIL e a estrada de Sintra e começa a avenida - em parte tem o nome de Eusébio da Silva Ferreira - a que toda a gente chama Segunda Circular.
O Sporting teve mesmo de se aplicar, como no sábado passado fizera na deslocação a Barcelos. Mas aí o jogo acabou com 3-0, um resultado ligeiramente enganador, depois de uma primeira parte sem golos. Nuno Santos fez o primeiro aos 53’, Gonçalo Inácio (na verdade a bola chutada por Pote bateu nele antes de entrar, de outro modo iria para fora) aos 64’ e Daniel Bragança , já depois dos 90 minutos com um golaço. O Gil sofreu a eficácia sportinguista e também poderia ter marcado.
Na próxima quarta-feira, último jogo de 2021, o Portimonense vai a Alvalade. Se o Sporting vencer, acaba o ano sem nunca ter perdido nesta época em jogos nacionais. Apenas com dois empates: Famalicão, fora, e FC Porto, em Alvalade.
 

Rúben Amorim voltou a Pina Manique para defrontar o Casa Pia, adversário sempre especial


O AFAMADO

C OM este registo de resultados, há afamados que vêm de longe. Mas atenção, há más famas e boas famas. Não é tudo a mesma coisa e é bom que se perceba isso, antes que o Sporting volte ao passado. Falo disto porque o ex-presidente do Sporting (de má memória), Bruno de Carvalho, vai participar, segundo se anuncia, no Big Brother dos famosos. O Big Brother como sabe quem o vê, é um programa onde se incentivam boas práticas… Tão boas que as televisões mais sérias recusam o programa na sua grelha. Apesar de tudo é popular, e o ex-presidente do Sporting, tendo deixado de aparecer por tudo e por nada, vê ali uma janela de oportunidade.
Expulso como está do clube, tem entre os sócios quem o defenda. É o caso do primeiro candidato a umas eleições para a direção do Sporting, que terão lugar entre 1 de março e 30 de abril. Nuno Sousa, que se apresenta como alguém que não quer destruir absolutamente nada, mas apenas representar quem não se revê na atual linha que conduz o Sporting. Acho interessante o candidato esconder que já fez parte de uma candidatura, liderada por Bruno de Carvalho, em 2018 que foi impedida, aliás, de concorrer pela Mesa da Assembleia Geral, então liderada por Jaime Marta Soares. Numa cegarrega daquelas do costume nesses tempos, chamaram a polícia e este agora candidato afirmou várias coisas à Comunicação Social, como sempre contra os sócios que asseguraram a transição do clube, depois de os corpos dirigentes se terem demitido em massa, e de várias ilegalidades estatutárias e regulamentares terem sido cometidas.
Bruno de Carvalho já estava suspenso do clube quando quis candidatar-se. Depois disso foi expulso.
Passaram três anos e meio. O Sporting ganhou mais títulos do que alguma vez aconteceu, num período tão curto, nos últimos anos. Sobretudo foi campeão nacional de futebol na época passada, como não era desde 2002; arranjou um treinador que representa o maior consenso que talvez o clube tenha tido; tem uma equipa relativamente barata com bons resultados; esta época, com meio campeonato disputado, ainda não perdeu em competições portuguesas e o sabor da derrota só o conheceu com o Ajax, duas vezes, e em Dortmund; sobretudo, ao contrário do que diziam esses arautos, o Sporting continua a ser dos sócios. Muito até, porque as expulsões de Bruno e de outros elementos, as suspensões de vários e as eleições que deram a vitória a Frederico Varandas, foram as AG mais concorridas de sempre.
Assim, quando Nuno Sousa diz que quer fazer mais e melhor, eu desconfio que o programa dele pode bem ser outro. É pena que não o confrontem com o passado, para sabermos se pensa o mesmo, mudou, está arrependido, ou qual é o seu estado de alma.


‘O GRANDE IRMÃO’

NÃO me parece que se tenha de ser muito desconfiado para pensar que o candidato está a trabalhar para o Grande Irmão que andará pelas pantalhas das televisões a fazer fracas figuras (o que acontece a todos os que se prestam a esse tipo de concursos). Aliás, os outros concorrentes acabam por ser menos famosos que o destituído e expulso presidente. Talvez a fama desses não seja por aí além, mas não me parece ser má fama; já quanto a Bruno de Carvalho, depois do que fez… enfim, passemos à frente.
Nas redes sociais, que falam sempre em circuito fechado, reina muita agitação. Há mesmo quem diga que as eleições do Sporting se discutirão, também, na TV. Como se uma direção que tem estes resultados desportivos e vai, aos poucos, recuperando a péssima situação financeira, ficasse fragilizada por Bruno de Carvalho ou Nuno Sousa, ou mesmo qualquer outro candidato, fizesse frente a Varandas. Com isto não digo que ele é o melhor presidente possível, e menos ainda que não comete erros. Claro que, como todos, não é isento de críticas. A questão é que conseguiu bons resultados e em equipa que ganha não se mexe.
Um dos meus maiores receios, aliás, consiste no assédio que equipas internacionais fazem, não só aos nossos jogadores, mas sobretudo ao nosso treinador. Se os primeiros podem ser substituíveis, como se viu recentemente com os casos de Bruno Fernandes ou de Nuno Mendes, Rúben é mais difícil. Não será impossível, nada o é; mas será muito difícil encontrar alguém que reúna e concite o consenso e a paz que ele trouxe ao clube.
Todos aqueles que se candidatam agora, estão, no fundo, a posicionar-se para outros voos. Não imediatos, mas todos sabem que nenhum clube do mundo aguenta durante anos as séries de vitórias, os troféus e as alegrias que o Sporting tem dado. Um dia, ou por cansaço dos dirigentes, ou por o vento ou a sorte terem mudado, haverá novos dirigentes. Que eles nunca sejam a repetição do que foi o triste consulado anterior, é a única coisa que um sócio com mais de 50 anos de clube pode desejar.


JOGAR FORA
13 JOGADORES 

Boa a decisão de nenhum clube poder jogar se não tiver disponíveis 13 jogadores. Já a questão da retroatividade, embora possa ser juridicamente discutível (não existe se for desfavorável, mas aplica-se quando favorável aos arguidos ou réus), seria de elementar bom senso. O problema é que num jogo não há arguidos…


PORTO-BENFICA

Não é a primeira vez que acontece dois jogos seguidos entre as mesmas equipas (A BOLA dava ontem nota do número de vezes que aconteceu), mas é sempre um fator acrescido de interesse.  E para um sportinguista um jogo difícil de saber por quem puxar, tanto na Taça como no Campeonato.