Opinião Alvalade vai ter saudades de Paulinho

Nunca foi fácil morrer de amores por Paulinho, mas só grande jogador mete 50 mil a cantar-lhe uma música

Paulinho foi-se embora para o México — assinou contrato com o Toluca válido por três anos, transferência de 8 milhões de euros — precisamente na altura em que mais acarinhado estava a ser pelos adeptos do Sporting. A festa do título de campeão nacional teve vários momentos altos, mas nenhum se comparou aos milhares de adeptos leoninos, no Marquês de Pombal ou no Estádio José Alvalade, a cantar a música que mais ficou no ouvido dos sportinguistas.

E faz o golo, força Paulinho faz o golo (...); Eles até caem, se o Paulinho mostra os dentes eles até caem...

Foi uma festa dentro da festa cada golo que o avançado de 31 anos, natural de Barcelos, marcou de leão ao peito. Tantas vezes contestado, deixa Alvalade no auge da relação com os adeptos, mesmo num ano em que os leões descobriram um dos melhores avançado que já alguma vez vestiu a camisola do clube, o sueco Gyokeres. Mesmos assim, o ponto alto da festa veio sempre com a música de Paulinho.

Nunca foi fácil morrer de amores por Paulinho como foi, por exemplo, o amor ao sueco, à primeira vista desde aquele jogo com o Vizela, na jornada 1, em que bisou. Mas, curiosamente, foi Paulinho que marcou o terceiro, já depois dos 90’, que valeram os primeiros três pontos na caminhada para o título.

Nunca foi fácil morrer de amores por Paulinho, desde logo porque os 16 milhões de euros pagos ao SC Braga, em janeiro de 2021, condicionaram a maneira de olhar para o português, na altura o mais caro reforço da história do clube — entretanto houve Hjulmand (18 milhões) e… Gyokeres (20 milhões), mas foi o Paulinho de Barcelos que inaugurou os valores mais elevados nas contratações leoninas. E por isso sempre foi difícil perdoar o golo falhado, mais fácil desvalorizar o golo criado. Porque dizem que um avançado vive de marcar golos, às vezes esquecem-se daqueles que os marcam menos mas lutam, batalham, recuam no terreno sempre em prol da equipa, permitindo o golo do outro.

Paulinho foi muitas vezes, nestes três anos  e meio, esse avançado. E o reconhecimento dos sportinguistas pode até ter demorado, mas chegou precisamente na altura em que o camisola 20 se preparava para dar o salto.

Não tenham dúvidas: Alvalade vai ter saudades de Paulinho. Porque nestes três anos e meio não foram só 53 golos que marcou, foram outros tantos que criou — só assistências foram 28. E foi a seriedade com que encarou cada jogo, o empenho que colocou em cada jogada, mesmo quando das bancadas se soltava um assobio que hoje se reconhece como injusto.

Paulinho não é «o animal» que é Gyokeres, como disse Meira, mas só um grande jogador mete 50 mil em êxtase a cantar-lhe uma música. Boa sorte, Paulinho, lá no México.

SELO DE GOLO

Aos 41 anos, Pepe serve de exemplo para o que esta Seleção Nacional pode fazer na Alemanha. O central é a imagem de campeão que todos queremos que Portugal seja neste Europeu.