A BOLA DE PRATA Maiores goleadores à lupa
Com os três golos marcados ao Boavista, Gyokeres atingiu os 22 golos apontados e disparou na luta pelo melhor marcador da Liga. De que forma os maiores goleadores da prova marcaram?
Até à última jornada disputada da Liga e dada a proximidade entre os principais candidatos, a luta para se saber quem sucede ao portista Mehdi Taremi como vencedor de A BOLA de Prata (22 golos), troféu que desde 1952/53 premeia o maior goleador do campeonato, apresentava-se renhida. Mas com o hat trick conseguido por Viktor Gyokeres diante do Boavista na goleada leonina por 6-1 as contas ficaram agora bem mais favoráveis para o sueco — já atingiu a marca do iraniano a oito rondas do final e dispõe de três golos de vantagem sobre Simon Banza — e é clara a possibilidade do Sporting voltar a ter o goleador-mor da Liga sucedendo a Pedro Gonçalves, vencedor em 2020/20 21 obtendo 23 golos.
Com apenas uma dezena de jogadores a terem marcado 10 ou mais vezes na prova — onde se destacam Sporting e Arouca, com dois atletas cada: Gyokeres (22) e Paulinho (11) pelos leões, Rafa Mújica (16) e Cristo González (11) pelos lobos da Serra da Freita—, A BOLA lança um olhar aprofundado e analítico sobre os cinco principais goleadores numa espécie de radiografia do golo que ajuda a perceber a forma como os obtiveram e as suas circunstâncias, permitindo colher conclusões curiosas.
Analisando à lupa o seu desempenho — e é curioso estarem aqui representados os últimos dois classificados, Vizela e Chaves, através dos goleadores Samuel Essende e Héctor Hernández — é óbvio que o top-5 dos marcadores da prova privilegia a utilização do pé direito, tendo marcado assim 50 dos 83 golos alcançados (60%) contra tão-só 12 apontados com o pé canhoto.
Outro aspeto relevante a ter em conta é uma certa incapacidade para tirar partido de lances de bola parada, pois para lá dos 10 penáltis que transformaram com êxito — Héctor Hernández e Samuel Essende desperdiçaram um cada e Rafa Mújica não teve direito a qualquer pontapé dos 11 metros… — apenas faturaram através de cinco pontapés de canto e três livres indiretos.
Entre os melhores goleadores do campeonato, refira-se que Simon Banza — autor de nove golos de cabeça, o melhor registo da Liga desde o sportinguista Islam Slimani (11 golos em 2015/16) — foi quem realizou menos encontros — apenas 20, já que perdeu seis jornadas, entre a 16.ª e a 21.ª, devido à presença no CAN pela República Democrática do Congo — enquanto que os outros quatro só falharam uma partida na prova. E é também o bracarense que conseguiu a mais longa sequência de jogos a marcar, num total de sete (entre as jornadas 5 e 10, tendo pelo meio disputado a 3.ª).
Um apontamento curioso: apenas um jogador, o vimaranense André Silva (10 golos), que partiu no início deste mês para o São Paulo e talvez só por isso mesmo não esteja aqui incluído, foi o único a marcar a Sporting, Benfica e FC Porto.
Ou seja, com um Viktor Gyokeres bem lançado, tudo parece indicar que A BOLA de Prata 2023/2024 poderá ter um segundo sueco a conquistá-la, 34 anos depois do benfiquista Mats Magnusson, vencedor em 1989/1990 (33 golos). Mas a oito passadas do final da longa maratona, ou seja, com ainda um quarto de campeonato por realizar, ainda poderão surgir novidades… No futebol é tudo mesmo possível e esse é, precisamente, o seu sortilégio.