Aconteceu sem aviso

OPINIÃO Aconteceu sem aviso

OPINIÃO09.11.202310:13

Estoril aproveitou a passividade do FC Porto e venceu no Estádio do Dragão

O futebol não é ciência nem adivinhação, mas antes um momento e uma inspiração. E foi assim no Dragão! O resultado esperado transformou-se num final imprevisto. E se na primeira parte os azuis e brancos controlaram as dinâmicas do jogo, após o intervalo notava-se uma falta de coordenação e de objetividade global. Como numa orquestra afinada, basta um naipe estar em desacordo para a música sair imperfeita. Antes do jogo, sabia-se que o Estoril ocupava o último lugar da classificação. Mas também se conhecia a qualidade do seu plantel que não morreu na Praia. É certo e sabido que são diversas as competições em simultâneo (Liga, Taça da Liga, Taça de Portugal, Supertaça, Champions e até participação nas Seleções Nacionais) e que as equipas que se apuram para mais provas têm obrigatoriamente de mudar jogadores, numa circulação inteligente e capaz para manter o foco nas vitórias. Por isso, a uns exige-se um maior esforço acumulado, sem fases mais frágeis, o que é um trabalho muito exigente e complexo. Curiosamente, ficou na memória, entre outras, a derrota do Estoril em casa com o Benfica num último segundo e com dúvidas não esclarecidas.

Os dragões entraram forte, com intensidade e circulação veloz, embora sem definição exata na procura do golo. E tudo parecia começar muito bem, com uma grande penalidade, mas Taremi permitiu a defesa do guarda-redes e a partir daí tudo ficou mais amarrado.

O Estoril, que possui um conjunto equilibrado e competente, soube sofrer na primeira parte, fechando as linhas sem defender recuado, circulando a bola e evitando liberdade para os portistas. Desperdício de oportunidades criadas, foram o aviso latente de que era urgente finalizar, pois os da linha estavam muito unidos e partiam em bloco, procurando identificar as fragilidades nesse jogo do FC Porto. Com o tempo, a lentidão, a falta de alternativas coletivas levou o jogo mais para iniciativas individuais, o que raramente é eficaz. Notaram-se vícios e imperfeições em atletas que já deveriam ter mais maturidade e classe. Na segunda parte, o Estoril foi ganhando confiança, avançando em bloco com rapidez. Mesmo as diversas substituições nos azuis e brancos, desta vez, não trouxeram nada de diferente. Por vezes, a insegurança de uns penaliza o rendimento coletivo e o Estoril soube aproveitar a passividade do adversário, a sua falta de ligação e decisão para criar situações de golo e, num lance infeliz, teve origem um livre que foi transformado em golo. Essa derrota em casa, poderá servir como chamada de exigência e de rigor para acordar a tempo, cerrar fileiras e colocar o foco essencial na procura do golo e na vitória segura e confiante. Muitas vezes, são os resultados menos felizes que catapultam a equipa para um reforçar de competência e de raça. Assim, com entrega total, se conseguem os títulos, como a experiência comprova. 

Gestão ou emancipação

O Presidente do Conselho de Arbitragem da FPF apresentou um projeto com base no modelo inglês e alemão, num esquema tripartido: FPF, APAF e LIGA. Pretende, para as competições profissionais, uma entidade externa, na sequência deixada por Fernando Gomes (que vai ter de sair da FPF), para eventualmente conseguir passar para essa liderança do eventual novo Órgão, com autonomia financeira e administrativa, incluindo um Diretor Geral para a liderar, com inúmeras funções inclusivamente para prestação de serviços remunerados aos escolhidos. Será inovação ou antecipar para novo modelo que poderá permitir mais uns largos mandatos, inclusivamente de colaboradores fiéis. Curiosamente, segundo a Comunicação Social, o Presidente da Liga ficou surpreendido com essa criação, quando deveria ter trocado ideias, antes de divulgação pública. A estratégia comunicacional começou pelo telhado, quando se anuncia algo que ainda é eventual documento para análise profunda, sem manter diálogos com os principais protagonistas. Ora é público que o Presidente da Liga criou um grupo de trabalho e, por isso, com a transparência que lhe é habitual, convocou os clubes das competições profissionais, para reunião que decorreu em 6 de novembro. A Liga está contra a nova entidade proposta para a arbitragem e não deteta vantagens na nova configuração que, apesar de ainda não estar constituída, já está a criar discordância total. Para se contribuir para a qualificação e prestígio do nosso futebol, é urgente manter cooperação e competência. Em 2024, será o momento imprescindível para analisar e mudar paradigmas e transparência, com profundidade, porque só desse modo, poderemos evoluir com rigor. Agora, qualquer mudança estrutural sem estabilidade tem de ser alvo de conversações profundas adequadas. Não podem ser as vontades de alguns, de forma inesperada, a mudar estruturas, mas antes uma análise profunda e um debate qualificado: está em causa o futuro do nosso futebol. Alterar regulamentos enquanto evoluiu a competição é inaceitável e subverte princípios essenciais. A iniciativa adiantada pelo atual Presidente do Conselho de Arbitragem, terá sido um tiro de pólvora seca…

Liga

O FC Porto perdeu em casa com o Estoril, a surpresa da jornada: 0-1. O Benfica foi jogar a Chaves, numa primeira parte muito disputada e na segunda metade os encarnados venceram por dois golos sem resposta. O Famalicão conseguiu golos de excelência perante o Gil Vicente: 3-1. O SC Braga começou a perder ao intervalo por um golo; na segunda metade os bracarenses marcaram seis, num ímpeto muito forte. O Casa Pia recebeu o Vizela, que venceu por 0-1. O Moreirense derrotou o vizinho Vitória de Guimarães, por 1-0. O Rio Ave, a precisar de conquistar pontos, conseguiu a vitória sobre o Boavista, por 2-0. O Sporting, a liderar a classificação, enfrentou o Estrela da Amadora, e a evolução do marcador revelou um jogo muito disputado: 1-0, 1-2 e 2-3! O Farense venceu o Arouca, que sofreu dois golos de grande penalidade. Nesta jornada foram marcados 23 golos e 6 equipas não conseguiram faturar.

Competições europeias

Na Champions, o FC Porto recebeu terça-feira o Antuérpia, que já tinha goleado (4-1) na Bélgica e no segundo confronto voltou a ganhar, mas agora por 2-0, num regresso à normalidade dos triunfos, com um golo de Pepe que fica para a memória da Champions, como feito único com a sua idade. Ontem, o Benfica jogou em casa do Real Sociedad e os 30 minutos iniciais foram um furacão intenso da equipa espanhola, com três golos válidos, um anulado e ainda com um penálti ao poste. Na segunda, os espanhóis reduziram ritmo e Benfica conseguiu marcar 1 golo, num resultado final de 3-1. Já o Real Madrid recebeu o SC Braga, que aos 4’ desperdiçou uma grande penalidade, jogando com personalidade contra um adversário muito poderoso, que acabou a vencer por 3-0, naturalmente.

Na Liga Europa, esperamos que o Sporting consiga, esta noite, vencer o Raków

Para se conseguir subir no ranking europeu, Portugal tem de intensificar maior competitividade interna, com equipas com valor para se conseguir pontuação mais elevada, particularmente na Liga Conferência, na qual somos eliminados praticamente no primeiro jogo: preparar esse objetivo é imprescindível.

Remate final

- O árbitro (Anthony Taylor) que veio ao Dragão ajudar o Barcelona a vencer o jogo, por uma decisão comprovadamente errada que alterou o resultado, foi despromovido por um jogo para o segundo escalão do futebol inglês, após decisão controversa, que levou ambos os treinadores a concordarem, incluindo o VAR, por não nada ter assinalado. Porém, esse árbitro, foi nomeado para o jogo entre o Benfica e a Real Sociedad. Quem o nomeou deveria ter de esclarecer com todos os detalhes. A FPF não deveria criticar com veemência uma nomeação desta natureza, em defesa do futebol nacional? Há silêncios muito estranhos.

- Fábio Silva, avançado do Wolverhampton, saiu de um jogo com lágrimas, pelo árbitro ter assinalado uma grande penalidade muito discutível e sem decisão rigorosamente fundamentada, no período de compensação, que deu a vitória ao adversário; por outro lado, na nossa Liga, há jogadores que usam e abusam de mergulhos e simulações que envergonham e que são transmitidas pela televisão de forma global. Fábio teve azar na decisão do árbitro e o seu comportamento revelou dignidade contra a injustiça, ao contrário dos fingidores que prejudicam a qualidade do futebol nacional.