A lógica do Tabata

OPINIÃO19.07.202107:00

No Benfica, João Mário irá encurtar o território que Taarabt ainda não conseguiu demarcar

CHAMEM-LHE defeso ou silly season, a verdade é que grande parte do sucesso de uma época nasce de um bom mercado de verão. E o que é isso, concretamente? Não será gastar muito ou comprar em quantidade, mas sim planear com antecedência e com necessárias rotas alternativas, antecipar-se à concorrência e fechar negócios que aumentem a qualidade média do grupo. É por isso que os €100 milhões não chegaram na Luz. Houve, como sempre, contratações melhores que outras, mas o nevrálgico meio-campo continuou a anos-luz daquele que Jesus precisaria para uma equipa estável. É verdade que o técnico não conseguiu fazer de Taarabt um novo Enzo Pérez - entre vários outros insucessos inesperados, sobretudo na solidificação do processo defensivo -, mas o ponto de partida era, reconheça-se, mais complicado.
Conversão mais natural do que a de Taarabt, mesmo depois de um ano de trabalho do marroquino, parece a de Tabata (ainda mais com Palhinha nas costas), apesar do perigo inerente a conclusões tiradas na pré-época. Amorim estava em Braga quando Jesus se decidiu a transformar um extremo banal num box-to-box de enorme qualidade, mas voltou na época seguinte e viu de perto os resultados no argentino. Inspiração ou não em Enzo, o brasileiro tem-se assumido como uma das primeiras figuras leoninas do defeso.
No Benfica, João Mário irá encurtar o território que Taarabt ainda não conseguiu demarcar e Jesus tem o direito de querer alguém mais agressivo do que Weigl, um ball winner, na posição 6. Se Al Musrati parecia encaixar na perfeição, as opções Arão e Meité, que nem médio-defensivo é, já mostram uma navegação bem mais à vista e sem sentido num clube moderno.
Com o FC Porto ainda num impasse pela ausência de vendas, o Sporting parte, mais uma vez, como exemplo. Até na lógica do Tabata.