A lei de um talento enorme e duma vontade maior
Atletas (um sem igual)
A competição pode ter lugar num estádio aberto, e então diz-se ao ar livre, ou na clausura de uma arena multiusos, caso em que é chamada de pista coberta Pode ser a contar apenas para o campeonato nacional, ou um concurso europeu, mundial ou olímpico. Mas qualquer que seja a sua natureza, a época do ano em que ocorra ou o continente em que decorra, independentemente do âmbito do torneio da primeira de entre todas as modalidades desportivas, o atletismo, evidentemente, uma constante há que se impõe por sobre todas as múltiplas, infinitas, variáveis: na disciplina de triplo-salto uma das medalhas está cativa para Portugal. Por força de lei, ainda que não escrita. A lei que resulta da combinação entre um talento enorme e uma vontade maior. A lei de Nélson Évora. Quando não é ouro, é prata ou bronze. Em todo o caso, não é o metal quem mais ordena. Isso cabe em exclusivo à tal constante, que voa para as conquistar.
(Em tempo: muitos parabéns a Patrícia Mamona e Susana Costa, por se terem classificado nas quarta e quinta posições, também no triplo salto, no Campeonato Europeu ora disputado em Glasgow).
Joker (contra a azia)
Há derrotas que me deixam furioso, outras que me impelem para a tristeza e outras ainda que me provocam mero desconsolo. Devo dizer que o desaire com o Benfica, em pleno covil dragoniano, não me induziu nenhuma dessas sensações ou estados de alma. O que senti foi pena. E esperança num bálsamo que a pudesse amenizar. Mas vamos por partes. O FC Porto tinha agendados, para uma semana só, três compromissos de máxima responsabilidade, a recordar: i) um encontro com o SC Braga, a contar para a Taça de Portugal; ii) o mencionado confronto com o Benfica; iii) a segunda mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, em duelo com a Roma. O primeiro resultou como era suposto, obrigação cumprida e até à próxima, que desta não rezará a História. Seguiu-se a recepção às águias, a qual se traduziu na segunda derrota com as ditas e consequente perda da liderança do campeonato. Sobre este insucesso há que saber ser claro e repudiar pretensas desculpas. Faça-se vénia ao adversário, que mereceu a vitória. Ainda por cima tendo jogado com meia dúzia de jovens feitos em casa e que ainda há um ano ou dois jogavam nos juniores e na equipa B.
Não há como não admirar e felicitar o Benfica por tal coragem, muito em particular o seu técnico. Ainda não arrecadou nenhum título? Pois não. Mas já conquistou mais do isso: o respeito e a confiança dos seus, desde os adeptos aos dirigentes, passando, naturalmente, pelos jogadores. Em suma, após ter perdido, em casa, um jogo de magna importância - ainda por cima depois de ter estado a vencer - só uma vitória sobre a Roma, com o inerente apuramento para os quartos de final da Champions, poderia proporcionar algum alívio que suavizasse tal desgosto. O que sucedeu, porém, vai muito para além do resultado. Poupemos, por agora, os justos e devidos louvores a técnicos e jogadores portistas. Basta agradecer o que fizeram e como o conseguiram. E acreditar que as vitórias não são uma meta mas parte de um caminho.