A dignidade tem de ir a jogo!

A dignidade tem de ir a jogo!

OPINIÃO30.06.202306:30

Veremos se a mentira e a fraude serão goleadas pela vergonha

O futebol nacional a viver a hora do Bolhão em que se compram futebolistas como quem procura melões ao melhor preço, tal como também na banca das pechinchas se aglomeram os vendedores procurando vender o que chamam os seus anéis, com os mais espertos a tentar impingir um ponta de lança que chuta com os dois pés e…sem cair no chão.

Ora nesta hora que mais valia chamar-se de feira da ladra, ninguém se parece molestar com o que está a acontecer ao negócio do futebol, especialmente em Portugal, país em que nos seus responsáveis sobressai a brilhantina e o vestuário Armani.

Então não é que um senhor doutor, eleito e responsabilizado pelo mais alto cargo representativo, como presidente da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, tendo de obrigatoriamente ser conhecedor de todas as regras de transparência da sua cidadania, respeitando a responsabilidade da cadeira em que iria sentar a sua simpática e dinâmica…aparência.

E o tempo correu, recebeu vénias e palmas como responsável (todos julgavam que sim) no vasto grupo de mulheres e homens que dirigem a indústria do futebol, seja de cariz familiar e com quotas pagas pelo Zé do Peão, ou de perfil de gente de negócios, habituada a cuspir nos dedos a contar a todo o instante os milhares de notas, selando uma actividade em que normalmente não se sabe a proveniência do dinheiro e de quem são as mãos, que podem ser portuguesas, americanas, africanas ou malaias.

P OIS atrás do tal senhor, de boas falas e bem vestido e investido na confiança de quem o elegeu, escondia-se o principal sócio duma firma interessada em comprar e vender carne humana, importando a matéria-prima proveniente da América do Sul, África e até da Ásia, garantindo educação e preparação para futuros futebolistas que posteriormente teriam ganhos importantes, mas mais valiosos seriam para a BSports Academy que, mensalmente, arrecadaria um lucro de cerca de cento e cinquenta mil euros (nada mau), pois os jovens candidatos desembolsavam mais de mil euros todos os meses e quanto a aprendizagem... quase zero, isto segundo as notícias e até agora não rebatidas (ou desmentidas) pelo ex-presidente da Assembleia Geral da Liga portuguesa de futebol.

Naturalmente a Torre dos Clérigos tombou. O dr. Pedro Proença, presidente da Liga, não hesitou um momento, reuniu as tropas e o acusado não teve outro remédio que não fosse pegar na pasta e regressar a Riba d´Ave, em Famalicão, onde terá sabido que, por unanimidade, os seus ex-parceiros se decidiram por deitar as mãos à cabeça e recorrer aos tribunais.

Doa a quem doer, segundo o que saltou da boca do dr. Proença, aliás de acordo com a determinação do dr. Fernando Gomes, presidente da FPF, embora todos tivessem, seguramente, conhecimento, quando da palavra denunciadora do presidente do Sindicato dos Jogadores, que há mais de três anos se sabia destes negócios escuros. E perante a denúncia, imagine-se, silêncio total ao mais alto nível, das autoridades desportivas e administrativas até ao próprio Governo.

M AS a velocidade da nossa Justiça, como é habitual, foi derrapando, e, por isso,  só agora (mais vale tarde que nunca) parece ter chegado ao destino o instaurar da investigação e natural intenção de julgar os alegados implicados neste desmando que enegrece o nosso futebol.

O futebol português está com braçadeira de luto. O dr. Proença afirma que daqui para diante tudo vai ser diferente, incluindo a busca da transparência da origem e dos hábitos dos candidatos a dirigentes, ou seja, como diz o povo, depois de casa roubada…

Mas não fiquemos só por aqui, pois a FPF tem de ver o que se passa a nível das associações distritais, pois são conhecidos muitos casos de desgraça humana nos campeonatos inferiores.

C Á ficaremos à espera do desfiar deste triste processo e das suas consequências. Vamos ver se a mentira e a fraude são goleadas pela Vergonha, com golos da autoria da Dignidade. Na verdade, é a hora dos donos da bola serem gente de confiança, com força no jogar para vencer, sem apelo nem agravo, todos os adversários, todos aqueles que querem fazer do futebol um negócio escuro. Para isso precisa-se de bons árbitros, sem apito, mas lestos e sabedores na elaboração das penas.

E queríamos dizer mais: dissecar o editorial dos Dragões e da habitual pena leve no escrever, desta vez falando do «boato e da mentira»; do criticar da eleição do Otávio como ‘futebolista do ano’, graças ao voto de capitães de equipa e treinadores da I Liga, mas não consta que houvesse votos dos árbitros…

Mas o meu director não nos dá mais espaço.

Ficará para outra ocasião.