A cor da moda

OPINIÃO24.03.202305:30

Esta época o vermelho, claramente, com liderança clara na Liga e bons sonhos europeus

N ESTE tempo de ripanço da gente o futebol por causa dos embates da Selecção contra adversários de trazer por casa, não nos fica mal dar uma voltinha pelos dois do cimo da tabela que mais contas estão a fazer ao título. Até fomos consultar uma especialista em adivinhar o futuro… Vamos lá, então, pôr algumas cartas na mesa…


O HOMEM DE MÁRMORE

R OGER SCHMIDT, um senhor engenheiro mecânico alemão, que gostava mais da bola do que da chave de fendas. Nascido com o signo de Peixes, a 11 de março de 1967, na cidade germânica de Kierps. Começou a dar uns chutos, jogando a médio, mas cedo chegou à conclusão que para matar o vício iria ser treinador. E foi. E com êxito. No Red Bull de Salzburgo, na Áustria, no Bayer Leverkusen, no maior clube de futebol chinês o Beijing Gouan, ingressando depois com grande expectativa nos holandeses do PSV Eindhoven.

Há muito tempo que Rui Costa mirava Schmidt, sabia do seu valor, da sua forma de dirigir um plantel com ambições, facto que se testemunhava com a onda humana que se despediu dele, por onde ele passou.
Chegou à Luz com quase dois quarteirões de futebolistas para escolher metade, mas com qualidade. Mais ainda, com a responsabilidade de conseguir entrar na fase de grupos da Champions. E com aquela face dura, que parece de mármore golpeada por um Cutileiro, Roger foi arrumando a casa, ouvindo cobras e lagartos que se passava com a administração do clube, foi escolhendo este, mais aquele, dando ordem de viagem a outros tantos, enquanto conseguia ir buscar uns nórdicos que ele conhecia como gente de biqueiras afinadas e de barba rija. Entrou na Champions, mas não ficou à porta, já é um dos residentes e com pretensões. Colocou a equipa a jogar à homem e a tratar a bola com carinho e por tu. Repentinamente, caiu-lhe na sopa não uma mosca, mas um craque argentino que ficara campeão do mundo. Foi o delírio porque o rapaz até tinha jeito, mas muito mau feitio. Começou a dar nas vistas e iniciou-se um romance com o Chelsea que teve de desembolsar mais duma centena de milhar de euros, fazendo entrar na Luz um ar fresco que abriu janelas de ambição. Mas o Enzo era craque, era difícil de substituir. A Luz começou a tremelicar de emoção, até que o treinador, que não estava ali para outra coisa do que fazer uma equipa com ambição, foi à sua agenda e chamou um atleta que já estava a fazer a mala para ir talvez até aos confins da Turquia ou da Arábia. Chamou o Chiquinho, acreditou no rapaz que veio do Leixões e da Académica e, passados uns jogos, perante a admiração e o aplauso dos benfiquistas, o Enzo passou a ser uma má lembrança, embora tivesse deixado ficar um vagão de notas. E a equipa da águia lá começou a voar, fora e cá dentro e, neste momento, para além de ter lançado como futuros diamantes para encher mais os cofres de gente como Gonçalves Ramos, António Silva, Aursnes, João Mário de pé afinado, e muitos outros que estão a chamar a atenção do mercado, segue lançada no primeiro lugar da Liga e na Champions vai disputar os quartos-de-final com o Inter, com a intenção de novo comparecer nas meias-finais.

A Luz está cada vez mais acesa, mas na verdade, a equipa ainda não ganhou nada, embora tudo parece estar a compor-se para a conquista de mais um tirulo. O homem de mármore só agora começa a prometer alguma coisa, mas ele joga pelo seguro e ainda a diferença não dá para comprar as camisolas.

Mas que o vermelho está na moda, está mesmo.

Os astros dizem a Schmidt: «O planeta Saturno ingressa no seu signo, no dia 7/3, permanecendo por lá até 25/05/2025. É uma fase em que será preciso assumir, como cargos de chefia, actividades na sua área profissional que requerem mais da sua dedicação e também trazem um processo de amadurecimento e de consciencialização das suas posturas e condutas. O ano de 2023 começa com um grande potencial para ganhar dinheiro, porém será preciso avaliar a forma como conduzirá as oportunidades, porque pode também trazer desperdícios financeiros causados por excessos.»

Os tiques de Roger: Raramente tira as mãos dos bolsos e a face mantém-se fechada, chegando-lhe um metro quadrado de relvado para dirigir a equipa durante os jogos. Só aquela garrafa em Vizela é que o fez tirar as mãos dos bolsos…

E a previsão do pecúlio final vai ficar pelos 89 pontos. 


CONCEIÇÃO ESCONDE A TOALHA

N ASCIDO em Ribeira de Frades, pelas bandas de Coimbra, a 15 de novembro de 1974, é do signo Escorpião. É, também, enquanto treinador, um dos que melhor conhece as manhas da bola e as fintas da relva, dado o seu currículo como profissional de futebol em Penafiel, Leça, Felgueiras, FC Porto, Lazio e Parma, em Itália, Inter e Standard de Liège, exercendo tarefas administrativas ligadas ao futebol no Al Radishya e no PAOK da Grécia. Treinador do Olhanense, Académica, SC Braga, Vitória de Guimarães, Nantes (França) e FC Porto e onde tem sido um campeão e um ‘habitué’ na Champions. E mais ainda, tem sido um dragão que deita chamas alterosas quando é obrigado a ser mágico e conseguir fazer de um plantel pouco mais de zero em temíveis esquadrões. 

Ninguém pode refutar que Sérgio não é um treinador consagrado, mas constantemente zangado com tudo e com todos, duma forma intensiva com os árbitros e com a malta da comunicação social. É, por isso, um mártir nos cartões amarelos e vermelhos, comportamento que em nada ajuda à progressão da sua equipa, sempre com pele de galinha, ao sentir os sinais encarnados enviados do banco.

A época 2022/23 não tem sido fácil e os portistas têm utilizado um futebol de força, mais com coração do que com a cabeça. E no tempo que passa, depois do nulo em Braga, fica a ideia de a equipa estar a sentir o distanciamento do principal opositor, ainda mais agravado com a eliminação pelo Inter na Champions. Sem receio do que escrevemos, o único jogador que não acusa a situação é o guarda-redes Diogo Costa que deve estar a aprimorar já o inglês para a próxima temporada. O temível Taremi parece apático, sem bola, pois só Otávio procura servi-lo, um Otávio que não sabe jogar mal e não precisava de usar o futebol quezilento que tanto aprecia. Uma defesa fraca, com uma aquisição que valeu a bonita verba de 20 milhões de euros a fazer uma época de espectador. Em suma, a equipa treme, um onze que não sabia jogar mal, que não precisa de ser um grupo de Zé Pereiras para vencer, ao contrário dos argumentos do treinador que prefere os bombos e ganhar do que os violinos e ficar de mãos vazias.

Sérgio, depois de Braga, diz que não atira a toalha ao chão. Bonito de ouvir tanta coragem, mas os seus homens não são de ferro. A vida está difícil com o azul desbotado.

O momento astral do Escorpião diz-nos «que o desafio está na forma como está a conduzir a experiência no seu trabalho, porque a rotina e a forma de produzir devem ser alteradas, principalmente a relação com colaboradores ou, se for o seu caso, funcionários e prestadores de serviços. Tome cuidado com excessos, porque o conduzirão para possíveis negligências na sua área de trabalho.»

Os tiques de Sérgio Conceiçáo: Não parar durante o jogo, ter cara de comer toda a gente, não precisa do banco para nada porque raramente se senta, beber água constantemente, num abre e fecha da mala frigorifica, e não passar cinco minutos sem mandar um recado para o árbitro, mesmo quando ele está a 50 metros…

E, assim, as previsões apontam para 83 pontos no fim da prova.