1985, 1994, 2022
Serenata à chuva de Senna; FC Porto, grande a pensar pequeno; Kelvin e aquele remate
1. À boleia de Ayrton Senna da Silva, no chuvoso domingo de 21/4/1985, enquanto ouvia os relatos dos jogos de futebol e esperava por mais uma tarde na companhia do Júlio Isidro, tornei-me fã da Fórmula 1. O génio brasileiro, ao volante daquele inesquecível Lotus preto, conquistou nesse dia o primeiro grande prémio da carreira numa serenata à chuva em que só não dobrou o segundo, o italiano Alboreto em Ferrari, para delírio dos sortudos que encheram o autódromo do Estoril. Nove anos depois, a 1/5/1994, já campeão mundial por três vezes e à procura do quarto título a toda a velocidade, então ao serviço da Williams, Senna despistou-se fatalmente na curva Tamburello, em Imola, e o céu ganhou mais uma estrela. Nunca mais voltei a vibrar com a Fórmula 1 da mesma forma apaixonada, creio que um sentimento comum a muitos portugueses após a partida de Senna. Mas no domingo passado, na sublime última volta do derradeiro GP do Mundial, em Abu Dhabi, quase que jurava ter visto de novo aquele Lotus preto que me conduziu ao mundo mágico da F1. Obrigado, Max, obrigado Lewis, contem com o meu regresso ao circo em 2022.
2. Como é possível que clube tão grande - nessa dimensão de ecletismo que se vê em Portugal também no Benfica e no Sporting e lá fora só no Barça - possa pensar tão pequeno? O FC Porto deu pela segunda vez falta de comparência na Liga de basquetebol, em protesto contra os árbitros da final do campeonato perdido para o Sporting. Agora, os dragões ou dão o dito por não dito nas ameaças ou faltam a mais um jogo e são excluídos da prova. É perder ou perder, nada condizente com a máxima... a ganhar desde 1893.
3. Lembram-se de Kelvin? Aposto que sim, seja por que razão for, consoante a cor clubística. O homem dos 90+2’, mas que na realidade decidiu a Liga 2012/2013 aos 90+1’, está sem clube após ter saído do Vila Nova. Uma carreira que se resume a um remate de quem foi rei por um dia, apenas isso.