O piloto português prepara-se para a sétima temporada no MotoGP, depois do 15.º lugar no Mundial do ano passado, onde uma lesão o impediu de participar no final da temporada
Ano novo, vida nova para o único piloto português no MotoGP. Miguel Oliveira deixa para trás dois anos na Trackhouse Racing para entrar no projeto da Prima Pramac, equipa de fábrica da Yamaha e, apesar de se mostrar entusiasmado com a mudança, aponta aos 10 primeiros lugares. Sinal de maturidade, sim, mas nunca de desistência até porque não faltam bons exemplos, a começar por CR7 como o próprio recorda. E nesta que será ironicamente a sétima época do português na principal categoria do motociclismo, Miguel Oliveira quer entrar com os pés no chão, mas confessa que não perdeu o sonho de menino.
— Ano novo, vida nova, quais são as expetativas para o próximo desafio?
— Estar dentro do top 10 no final deixar-me-ia satisfeito. Vamos ter menos duas Ducati [no pelotão] e sabemos que, neste momento, essas são as motas a bater a nível de consistência, sobretudo aos domingos. Com uma adaptação mais rápida e mais dias de testes, podemos limar logo algumas arestas e talvez ocupar essas posições.
Piloto português aponta a um lugar entre 5.º e 10.º para 2025 depois de dois anos de muitas dificuldades e uma época que considera das mais duras da sua carreira
— Miguel, já fez os primeiros testes com a nova moto, quais foram as sensações?
— A mota deixou-me com sensações muito positivas. Há dois pontos essenciais a melhorar, que serão preponderantes para a nossa competitividade, sobretudo em corrida, mas tudo o resto agradou-me bastante. Com apenas um dia de testes, é muito difícil de dizer o que ainda vai ser preciso. Há coisas a melhorar na pilotagem, mas nem sequer tivemos tempo de olhar a fundo. A partir de fevereiro teremos uma ideia muito mais clara do que poderá ser a minha evolução e adaptação. Mas boas sensações, obviamente, porque entrei numa equipa que tinha acabado de ser campeã do mundo, por isso cria logo ali uma motivação diferente, porque estamos a entrar num sítio consagrado, digamos assim. A mudança técnica foi melhor do que eu estava à espera.
— Foi uma agradável surpresa?
— Foi uma agradável surpresa. Estava à espera de ter alguma dificuldade acrescida. Vendo a moto desde fora, mas devo dizer que me agradou bastante. Há dois ou três pontos que são pontos essenciais a melhorar para podermos ser competitivos, mas não é nada que a Yamaha não esteja já a trabalhar, por isso contente e motivado para que comece já a temporada.
Na primeira experiência com a Prima Pramac, o almadense fez o 17.º melhor tempo no dia de testes em Barcelona, Espanha, ao completar a sua melhor de 60 voltas em 1.40,138 minutos, a 1,335 segundos do mais rápido, o espanhol Alex Márquez (Ducati).
— Satisfeito com a mudança?
— Estou muito satisfeito. É uma mudança positiva para um projeto muito ambicioso, que ainda está no início e terá algo inédito feito pela marca. Pela primeira vez, vai fornecer uma equipa externa à Yahama oficial, com módulos iguais e o mesmo apoio de fábrica. É um sinal claro de que os tempos estão a mudar e existe muita vontade e ambição em chegar ao topo
Sete pódios
Ao chegar a uma marca campeã de construtores por 14 vezes no MotoGP, a última delas em 2015, o horizonte de Miguel Oliveira está colocado no regresso às vitórias em corridas, procurando reeditar as cinco alcançadas pela KTM (2019-2022), num total de sete pódios.
— Mesmo que não tenha sido o que aconteceu nos últimos dois anos...
— O desafio é sempre enorme. O pior seria talvez o que eu passei este ano: ter uma mota aparentemente igual, mas não ter o apoio para poder trabalhar nela. Isso é que se torna frustrante. No caso da Yamaha, teremos uma estrutura dedicada a apoiar a nossa própria equipa, o que ajuda muito a juntar as novas ideias àquilo que já funciona na mota. Acho que vamos fazer um bom trabalho. A equipa tem bastante experiência e já foi campeã do mundo. Por isso, estamos no sítio certo.