Poste português chega aos Boston Celtics num momento em que a equipa está entre os principais candidatos. A esperança que entre na rotação do banco e mude de contrato antes de fevereiro para também poder vir a jogar no 'play-off'
Existe um curioso vídeo da temporada de rookie de Giannis Antetokounmpo nos Bucks (2013/14) em que o grego está com os pais no meio do court do entretanto demolido Bradley Center, vazio, e todos contemplam os estandartes no teto referentes, na altura, ao único título de Milwaukee (1971) e as nove camisolas retiradas pelo clube. Emocionado, mas convicto, Giannis diz: «Talvez daqui a 15, 20 anos, o meu nome esteja ali ao lado do de Kareem [Abdul-Jabbar] e Oscar Robertson. Espero estar lá». E acrescenta que deseja ser campeão.
Será que Neemias Queta sonhou o mesmo quando, depois de 19 de julho, dois dias após ter saído a notícia de que o poste português, de 24 anos, estava em negociações com o conjunto de Boston, regressou pela primeira vez ao TD Garden já como basquetebolista dos Celtics?
No teto de um dos recintos mais respeitados, mas que nada tem com o mítico Boston Garden — madeiras nas estrutura e escadas interiores e lugares em pé para aqueles que não tinham hipótese de pagar uma cadeira —, estão 17 estandartes de campeão conquistados em 22 finais. E um recorde de 23 jerseys e um nome retirado. Pesa! Mas também dará que sonhar.
Para trás ficaram os Kings, onde cumpriu as duas primeiras épocas desde que foi escolhido na 39.ª posição do draft de 2021 tornando-se no primeiro português a entrar na NBA. Clube que só ganhou um título (1951), numa ida aos Finals ainda como Rochester Royals.
Em Boston está entre a realeza da Liga. Um dos três clubes que resistem da fundação da NBA em 1946/47 (Warriors) e dos dois (Knicks) que não mudaram de cidade.
Em Boston respira-se basquetebol. Como há pouco tempo contava Larry Bird, há pessoas que se sentavam naquelas mesmas cadeiras há décadas e em todos os jogos estão antigas estrelas no público.
Fãs apaixonados, mas duros e exigentes — ao estilo do futebol europeu — que não perdoam falhas e são agressivos. Há anos, numa votação, preferiram ter uma mascote que andasse aos saltos do que cheerleaders como os odiados Lakers. Os maiores rivais que agora têm tantos títulos como eles.
Arranca hoje a 78.ª ‘regular season’ da NBA. Campeões têm Suns, Lakers e Warriors como principais adversário na Conferência Oeste. O que voltarão a fazer os Kings? Bucks e Celtics de Neemias Queta são favoritos no Este
Mas Neemy chega aos Celtics num momento em que se arrisca a ser campeão. São dos mais sérios candidatos ao título. Com contrato de duas vias — tal como teve nos Kings —, o último que pode assinar e lhe permite atuar simultaneamente pelos Maine Celtics da G League, Queta (2,13m) mostrou na pré-temporada que é alguém a ter em conta para a rotação da estrela Kristaps Porzingis e do veterano Al Horford. É temível defensor, junto ao aro domina e revela ter muito para evoluir e aprende depressa.
O treinador Joe Mazzulla não esconde que gostou do que viu nos três jogos que disputou de preparação e agora existe a expectativa que Neemy tenha mais oportunidades dos que os 20 jogos em duas épocas (15+5) disputados pelos Kings, assim como que os Celtics, antes de 8 de fevereiro, quando fecham as transferências, transformem o seu contrato de duas vias, que o limita a 50 partidas na fase regular, mas sobretudo que o impede ser utilizado no play-off, num contrato normal.
Será que os Kings, onde sempre foi adorado mas deixou de fazer parte das contas, ainda se irão arrepender de o terem dispensado? Esperemos que sim.