Portugal estreia-se nesta quarta-feira, diante dos EUA
0 seconds of 1 minute, 12 secondsVolume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
01:12
01:12
 

Mundial: «O Frade vai ter de me pagar uma francesinha pelo que me fez» 

ANDEBOL31.01.202509:15

Victor Iturriza foi obrigado a um esforço extra no jogo com a Alemanha, devido à expulsão do companheiro da posição de pivô 

Horas depois de Portugal assegurar o histórico apuramento para as meias-finais do Mundial de andebol, na manhã seguinte, Victor Iturriza ainda parecia cansado depois de um jogo elogiado por todos os companheiros e que o selecionador nacional considerou «o melhor de sempre» que viu o pivô fazer. 

Com sete golos em oito remates e uma exibição defensiva do melhor nível que se tem visto no Mundial, o jogador de 34 anos deu um contributo decisivo para o triunfo sobre a Alemanha, que só surgiu no prolongamento. 

«As emoções ainda estão em alta. À flor da pele. É muita coisa a acontecer ao mesmo tempo. Uma algo inédito. Ainda estamos assimilar o feito que acabámos de alcançar. É muito grande. Por nós, pelo sacrifico que fazemos por estar aqui, os treinos, o esforço. Ainda estamos a cair em nós do que acabámos de fazer», começou por dizer, em conversa com A BOLA, num ritmo alucinante.  

Confrontado com os elogios de Paulo Jorge Pereira, o jogador de 1,93 m e 117 quilos assumiu que terá conseguido uma das exibições mais bem conseguidas com a camisola dos Heróis do Mar.  

«Sim, foi um dos melhores jogos que fiz pela Seleção. Foi muito bom. Exigiu muita concentração com vontade, garra... tendo em conta que o Frade foi expulso no início da 2.ª parte. Eu sabia que tinha de me chegar à frente até ao fim do jogo. Consegui entrar da melhor forma para ajudar a equipa. Sempre focado. Sem sair do plano de jogo, a tentar deixar as emoções de lado. Correu bem para mim e para a equipa, felizmente», nota. 

Habituado a ir rodando no ataque com o jogador do Barcelona, ele que é um dos principais esteios defensivos da muralha montada por Paulo Jorge Pereira, Iturriza revela que está a pensar cobrar a Luís Frade pelo esforço extra que o obrigou a fazer pelo cartão vermelho visto aos 35 minutos. 

«Depois do jogo, já lhe agradeci por me deixar naquele estado, num jogo tão difícil, com tantas emoções. A saber que não podia sair do jogo, que tinha de me manter sempre. Não é fácil. Ele vai ter de pagar alguma coisinha quando chegarmos a Portugal. Talvez uma francesinha quando chegarmos ao Porto», desafia. 

Um pouco mais a sério, o jogador de 34 anos defende que não haverá castigo maior do que o que Frade viveu. 

«Acredito que tenha sofrido ainda mais por ver de fora. Não é fácil ver o jogo na bancada, s endo que é muito importante para o nosso jogo. Sofrer de fora, carregar com peso na consciência, ou culpa. Mas felizmente demos a volta. Este grupo sabe lidar com as adversidades e cresce nos momentos menos bons e de com o caos. Foi o que fizemos e vamos continuar a fazer. No lugar dele, sei que seria muito pesado estar lá fora. Já teve uma boa dose de castigo», defende. 

«Só» a «melhor equipa do Mundo» 

Depois de deixar a vice-campeã olímpica pelo caminho, segue-se no rumo histórico dos Heróis do Mar o campeão olímpico e tricampeão do Mundo, que soma 35 jogos sem perder em Mundiais. 

«É, não são nada maus!», reage Iturriza quando a conversa vai para o confronto desta sexta-feira (19h30). «São apenas a melhor equipa do mundo a jogar andebol. Têm um grupo cheio de jogadores de nível mundial, que jogam com um grande ritmo e um belo andebol. E ainda têm um guarda-redes que num dia mau faz mais de 10 defesas», resume. 

«Todas as vitórias serão sempre pelo Quintana» 

O discurso sem rodeios e atitude sem receios são características que entraram no seio dos Heróis do Mar muito graças aos jogadores cubanos que se naturalizaram, núcleo do qual faz parte Victor Iturriza, e que teve como figura máxima em termos de influência o gigante Quintana. Que o grande amigo garante que continua a ser uma presença constante. 

«Nós nunca deixamos de pensar no Alfredo. Ele está sempre presente entre nós. Ele ajudou a iniciar esta evolução do andebol português. Ajudou a entrar nesta alta roda. E temo-lo sempre ali presente. Sabemos que está a olhar e puxar por nós, para nos dar aquela força extra. Estas vitórias vão ser sempre por ele. Ele estando cá, seria uma loucura pelo exemplo de luta e vontade, força e querer. Muito do que estamos a viver hoje, é graças ao contributo dele», enaltece.  

Ainda assim, e à semelhança do que fizeram em todos os jogos até ao momento, o pivô garante ambição para o confronto. 

«Temos de ir olhos nos olhos, sem nada a temer. Sabemos que é uma grande equipa, mas temos também de fazer o nosso jogo e ir com o objetivo de ganhar. Temos de recuperar fisicamente porque não queremos parar por aqui. Aqui ninguém se esconde. Podemos falhar uma, mas vamos para lá outra vez. Acreditamos muito em nós e no que podemos fazer. E é assim que enfrentamos qualquer equipa, porque a fazer o que de melhor sabemos, podemos lutar sempre pela vitória», aponta.