O andebol português elevou-se uma vez mais bem acima da realidade do país, Benfica e Sporting qualificaram-se na Liga dos Campeões e o dia foi de festa a todos os níveis, a começar n' A BOLA
Que dia! A tempestade perfeita! A BOLA celebrou ontem o 80.º aniversário, a seleção portuguesa de andebol chegou de forma épica, como não poderia deixar de ser, nos últimos segundos do prolongamento, às meias-finais do Campeonato do Mundo, e Benfica e Sporting qualificaram-se para o play-off desta Liga dos Campeões, que se estranha, mas já se entranha, sobretudo pelo suspense criado e por, sem ter deixado favoritos pelo caminho, obrigar a confrontos a eliminar entre gigantes nas próximas semanas.
Num país em que o futebol é o eucalipto-rei no meio de um país em que não há cultura desportiva, em que o desporto escolar é uma fantasia distante, substituída por umas horas ao ar livre ou num pavilhão a correr e a saltar, sem que se consiga tomar verdadeiramente gosto a um desporto, o andebol, tal como o râguebi, a canoagem e o judo, entre outras, tem crescido a um nível que extravasa a realidade do próprio país. Perante uma Alemanha que já leva três títulos mundiais, dois europeus e um olímpico, e ainda foi prata em Paris, os portugueses agigantaram-se e foram à conquista de um belo sonho.
Presidente do Benfica continua a ser incapaz de sair em defesa dos seus nas horas mais difíceis ou então de tomar decisões mais radicais que protejam o clube. Sentou-se, mais uma vez, a assistir ao espectáculo como se nada fosse com ele
É um resultado tremendo e merece a vénia de todos nós. Não surpreende pelo que esta equipa tem conquistado, pela aposta que tem sido firme de FC Porto e Sporting, sobretudo, em jovens jogadores portugueses e pelo aumento da qualidade dos estrangeiros no campeonato, porém há depois uma alma de grupo que se torna a cola de todas essas boas decisões e que parte do selecionador Paulo Jorge Pereira.
Presidente tinha legitimidade para assumir a realidade e a rotura total, porém tomou decisões que o apanharam mais tarde no caminho, como a escolha de Vítor Bruno
No futebol, Benfica e Sporting cumpriram, embora com diferentes níveis de brilhantismo. Os encarnados exploraram as fragilidades de uma Juventus que, mesmo já apurada, estranhamente não se encontra com Thiago Motta e aproveitaram o contexto. Não estavam obrigados a vencer. Podiam dividir o jogo sem terem de defrontar um bloco mais baixo. Havia problemas do lado contrário, a cabeça de Motta também anda a prémio. A exibição, pese um ou outro susto, foi sólida, bem-conseguida e o resultado merecido. Terá afastado de vez as nuvens negras que pairam sobre a equipa? Talvez ainda não.
Bruno Lage conseguiu anular durante 45 minutos uma das melhores equipas da Europa, mas ter-se-á afundado no regresso dos balneários com algumas opções tomadas e falta de clarividência
O susto foi maior para os leões. O Bolonha marcou, houve a lesão de Debast e Harder lá conseguiu fazer, em esforço, o empate. O conjunto de Alvalade esteve largos minutos fora do lote dos apurados, porém garantiu o mais importante: segurar o play-off, mais uma vez com perspectivas de se apuramento, tal como o rival Benfica. Ufa! Que dia tremendo!