Mundial Andebol: «O meu pai nunca nos pressionou e dizia que tinha de ser divertido»
Martim Costa tem sobre si todos os holofotes no Mundial, mas o lateral-esquerdo da Seleção não de intimida. Aliás, desde menino, coragem nunca lhe faltou
Martim Costa já não passa despercebido em lugar nenhum e a Federação Europeia aproveitou a espetacular campanha de Portugal no Mundial para falar com uma das suas estrelas.
Aos 22 anos, o lateral-esquerdo já não é apenas uma das referências do Sporting, é desejado em muitos outros emblemas, porque o internacional português não é só um rematador implacável como a Liga dos Campeões tem mostrado e agora o Mundial confirma.
«Não tenho medo de assumir responsabilidades — nunca tive. Quer dizer, se não tentarmos, nunca teremos sucesso. Então, desligo o meu cérebro, não penso muito e tento o meu melhor», explica Costa, acrescentando: «Prefiro ser aquele que tenta e erra do que o jogador que não tenta», contou sem ter grandes justificações para o momento da decisão. «Não sei, para ser honesto. Tento não pensar demais. Não sou o jogador que pensa durante 30 segundos como é que vai marcar. Não pensar demais é realmente a chave para mim», diz ele enquanto sorri.
)
«Eu pego na bola e é quase instintivo. Se sentir, atiro. Se não sentir, tento fazer o melhor passe possível. Sinto que não há tempo para pensar. Quanto mais praticamos essas situações, mais automáticas elas se tornam, e mais rápido podemos reagir», diz Martim, o mais velho do clã de Ricardo Costa, treinador do Sporting e antigo internacional.
)
«Eu via sempre os jogos dele, claro, inconscientemente, provavelmente aprendi muitas coisas ele nessa altura», diz ele. «Ele nunca nos pressionou — apenas nos disse que o andebol tinha de ser divertido. E quando o teu treinador te diz isso, tens menos medo de te destacar quando os jogos são importantes», revela o atleta.
Aos 22 anos, revela uma maturidade acima da média e garante que não é fácil acusar a pressão. «O único momento em que posso ficar nervoso é antes de um jogo. Assim que entro em campo, não penso nisso», diz ele. «Os adeptos preferem ver um jogador corajoso que não tem medo, mas que pode errar às vezes, do que um jogador que se esconde nos momentos decisivos do jogo, imagino. Acho que não sentir muitas expectativas também me ajuda a sentir-me mais descontraído.»
)
Martim sempre jogou acima do seu escalão e isso ajudou-o a não temer rivais. «Eu tinha de ser corajoso, porque quando tinha 10 anos, jogava com crianças de 14 ou 15 anos, e elas queriam que eu me sentisse mais novo. Para vencê-las tinha de fazer as coisa de outra maneira», recorda. «Tinha de encontrar outras trajetórias de passe, passar em espaços minúsculos e tinha de ser corajoso. Eu não podia ter medo deles», conta.
E essa coragem ainda é o que, segundo Costa, o define como jogador: «Não vou fugir das minhas responsabilidades. Tenho de rematar, vou, não importa o que aconteça. Talvez não marque, mas não vou recuar.»
Enquanto em algumas equipas o treinador daria a responsabilidade aos jogadores mais experientes, Costa tem sorte de jogar num clube cheio de jovens, onde todos se podem destacar. «Kiko, Salvador [Salvador], Natán [Suárez], Jan [Gurri] — todos temos menos de 25 anos, então não há ninguém a quem recorrer, basicamente. Ou tentamos ser decisivos ou a equipa não ganha», diz Costa, o mais velho dos dois irmãos que jogam no Sporting.