Lobos pensam em «ganhar este jogo e o próximo»
Fotografia Luís Cabelo/FPR

Lobos pensam em «ganhar este jogo e o próximo»

RÂGUEBI01.03.202421:09

Portugal focado na meia-final do Europeu contra a Espanha que, domingo, terá o Estádio do Restelo como palco para concretizar a ambição de repetir a final.

Um Portugal-Espanha vive sempre rodeado de uma exaltação especial a nível competitivo e o 43.º duelo ibérico em râguebi não é exceção. A Seleção recebe, domingo, a sua congénere espanhola no Estádio do Restelo (15h), em Lisboa, em jogo das meias-finais do Rugby Europe Championship 2024 (REC24) com o propósito de carimbar a passagem à final.

«O primeiro objetivo era estar nos quatro primeiros. Já estamos! Agora é ganhar. Depois, passamos à fase 2. Vencer este jogo e o próximo, assumiu a A BOLA, João Mirra, treinador dos lobos, apontando já à final agendada para 17 de março, no Stade Jean Bouin, em Paris.

«Quando começámos este caminho no pós-mundial [França-2023] não seria o objetivo principal [ganhar a final], mas a partir do momento que conseguimos, com algumas peripécias, ter sucesso no primeiro objetivo, agora não faz sentido estar a competir, neste nível e com esta exigência, só para participar», constatou o técnico português recordando a derrota diante a Bélgica no arranque da competição.

Balanço de 42 embates ibéricos

O duelo ibérico da bola oval nasceu em 1935. Estatísticas à parte dos 42 embates anteriores - 27 vitórias espanholas, 3 empates e 13 triunfos lusos -, dos últimos 10 os leones venceram cinco, os lobos, quatro e há registar um empate. Nos dois últimos encontros do antigo Seis Nações B disputados em solo luso, Portugal ganhou ambos, o derradeiro, no Restelo, nas meias-finais do REC 2023.

Apesar da confiança em repetir o triunfo (27-10) do ano passado, igualmente no Restelo e que levou os lobos à final do REC 2023, Mirra baixou a temperatura na antevisão do encontro que coloca frente e frente Portugal, primeiro classificado do Grupo B, e a Espanha, segundo do Grupo A.

«Quando vamos para algum jogo com sobranceria as coisas correm pessimamente. Agora é este. Pensar 99 por cento na Espanha. Depois, logo vemos e nem sabemos qual será o adversário, se a Geórgia ou a Roménia [outros dois semifinalistas]», sublinhou.

O regresso do ‘tradutor’ José Madeira

A renovação dos lobos tem sido a nota dominante neste campeonato da Europa e Portugal nem sempre se apresentou na máxima força com os jogadores que atuam nas divisões profissionais e semiprofissionais francesas. «Não é problemático nesta fase não apresentar a melhor equipa. Tem desvantagens, como é óbvio. Se formos à procura de consistência é difícil, mas dá a possibilidade de experimentar e alargar as opções de jogadores para um futuro breve e mais longínquo», antecipou João Mirra.

Recuperado de uma lesão, José Madeira regressa ao seio da Seleção depois da participação no Mundial de França-2023. «Vi os jogos na televisão e foi ótimo voltar à equipa, ver os jogadores e sentir o nosso espírito», disse o 32 vezes internacional.

«Parte do grupo é novo, há mudanças, gente nova, o que é ótimo. Faz parte do processo», completou antes de considerar «algo contraditório», ser, aos 22 anos, um dos «mais velhos dos mais jovens» desta renovada Seleção. «Dentro da equipa tenho alguma experiência. Agora é acolher estes novos lobos e esta nova geração que se vão estrear e, se correr bem, vão chegar a próximo mundial», antevê.

E, em parte deste acolhimento e integração de lusodescendentes, Madeira - joga em França, Grenoble, desde 2020 - assume uma função extra. «Cabe-me desempenhar esse papel de tradutor, fazer essa ponte. Às vezes, o José Lima [vice-capitão] também desempanha esse papel», confessa com um sorriso nos lábios.

«Temos uma geração nova e vamos tentar repetir o resultado do ano passado, numa meia-final onde estive. Sabemos que a Espanha também tem uma nova geração, uma equipa em construção e novas ambições de chegar ao próximo Mundial, mas é um Portugal-Espanha», continuou.

 «Só pensamos nesta partida, no Portugal-Espanha, não nos podemos dar ao luxo, enquanto equipa jovem que somos, de estar a adiantar a jogos longínquos. É semana a semana», finalizou o segunda-linha emigrado em França, ex-Belenenses.