Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete. As contas nem parecem bater certo. Se pensarmos que foi em 2020 que o mundo - e até o país! - se lembrou que havia andebol de qualidade em Portugal, custa a acreditar que os Heróis do Mar vão iniciar, nesta quarta-feira, a sétima participação seguida em grandes competições desde então. Porque há também a estreia nos Jogos Olímpicos (Tóquio2020) pelo meio. De Trondheim para Oslo, há um mundo de distância. E não nos referimos a questões geográficas, mas sim à evolução do andebol nacional que, em 2020, espantou tudo e todos com base na pequena cidade no centro da Noruega, e que cinco anos depois vai jogar na capital do país com um estatuto completamente diferente. No grupo que viaja esta terça-feira para a Noruega, há cinco jogadores que fizeram todo o percurso de Europeus e Mundiais: Rui Silva, Miguel Martins, António Areia, Alexandre Cavalcanti e Gustavo Capdeville. Ainda que o guarda-redes não tenha jogado em 2020 . E é o capitão o primeiro a assumir que esta é uma realidade bem distinta daquela de 2020. Sobretudo na experiência. «A diferença é grande. Desde logo porque os mais velhos já têm mais experiência em grandes competições. Mas, acima de tudo, temos a mesma fome e vontade de fazer coisas grandes. Isso tem sido o que nos caracteriza nestes anos: não termos deixado perder a ambição de fazer cada vez melhor. E agora vamos com o objetivo de chegar aos quartos de final. Sabemos que vai ser difícil, que os cruzamentos não são os mais fáceis, mas também acreditamos no nosso valor», nota Rui Silva, de 31 anos. Opinião semelhante é partilhada pelo outro central do grupo, Miguel Martins. «Seguimos o percurso normal a evoluir de forma gradual. Quando começámos a ir a estas grandes competições muitos jogadores nem tinham experiência de competições europeias de clubes. Estávamos a começar a mostrar-nos ao mundo. Agora, conciliamos experiência com irreverência e talento. Temos as peças todas e é muito bom estar num grupo assim, porque somos como uma família e todos adoramos estar aqui. É ótimo poder jogar com amigos e tem sido muito bom ver este grupo crescer e evoluir», orgulha-se. Estreante feliz... mas nervoso Aos 20 anos, Kiko Costa, que vai para a terceira grande competição, continua a ser o mais jovem do grupo. Mas é João Gomes quem parece o caçula. Afinal, o também lateral-direito é o único atleta que se estreia em convocatórias de grandes competições. A forma como foi recebido, porém, facilitou. «Estou muito contente por estar neste grupo, a partilhar campo com jogadores que via quando era pequeno. É um sentimento de felicidade incrível. Eles receberam-me muito bem», revela, em conversa com A BOLA, sem conseguir disfarçar um sorriso permanente de quem está prestes a viver um sonho. «Estou um bocadinho nervoso por ser a primeira grande competição, mas mais importante é que estamos a trabalhar bem», sublinha. Ele será a exceção. Porque este Mundial dos Heróis do Mar já será para velhos... conhecidos.