Há alguns dias, o mundo do ténis e do desporto foi abalado pela notícia de que a Associação de Tenistas (PTPA) processou a ATP, a WTA, a ITF e a ITIA. Novak Djokovic é cofundador da PTPA e falou em Miami sobre o caso
O mundo do ténis foi abalado há alguns dias com a notícia de que a PTPA processou a ATP, a WTA, a ITF e a ITIA. Já alguns tenistas falaram sobre o assunto, como Carlos Alcaraz, que afirmou não ter sido informado nem consultado sobre o processo, enquanto Miomir Kecmanović foi direto, dizendo esperar que algumas mudanças ocorram durante a sua carreira.
Processo movido na terça-feira pela pela Associação de Jogadores Profissionais de Ténis (PTPA) contra a ATP, WTA e ITF visa reformular completamente o ténis e transformar a forma como os jogadores são tratados e como são pagos
A ação alega que os jogadores profissionais estão «presos num jogo manipulado» e têm «controlo limitado sobre as suas carreiras e marcas pessoais». A PTPA contesta o calendário de torneios, o sistema de classificação e o controlo exercido pela ATP e pela WTA sobre os direitos individuais dos atletas. Na noite de quinta para sexta-feira foi a vez de Novak Djokovic falar sobre o tema.
«Nunca fui fã de divisões no nosso desporto, mas sempre lutei por uma melhor representação e posição dos jogadores, que ainda não está onde a maioria gostaria. Não se trata apenas de prémios monetários, mas de várias outras questões presentes no documento. Algumas mudanças ocorreram, mas as mudanças fundamentais ainda estão por vir e espero que a PTPA e todos os outros órgãos trabalhem juntos para isso», disse Djokovic.
Sobre o mesmo tema, Nole acrescentou: «Tenho de entender que neste ecossistema, sendo um dos melhores, ou o melhor, jogador do mundo, represento todos os jogadores com rankings mais baixos, aqueles que têm dificuldade em se afirmar e viver do ténis… Todos sabemos como é, todos passámos por essas fases, e essa é a principal razão pela qual fundei esta organização há quase cinco anos com o Pospisil. Desde então, a organização cresceu bastante, com muitas pessoas a trabalhar lá, e eu não tenho um papel decisivo, sou apenas membro do Conselho de Administração e não tenho influência ou poder suficiente para sobrepor-me aos outros membros. Esta ação movida pela PTPA é um passo muito forte e decisivo, e há muitos pontos no documento com os quais concordo e sobre os quais tenho tentado falar.»
Embora entre os peticionários estejam nomes como Nick Kyrgios, Reilly Opelka e Vasek Pospisil, a assinatura de Novak não consta: «Há pontos com os quais discordo. Há também terminologia com a qual discordo. Tive de aceitar porque os outros votaram a favor. Pelo que entendi, agora há comunicação entre a equipa jurídica da PTPA e as equipas jurídicas das outras organizações mencionadas no documento. Vamos ver o que acontece, provavelmente vai demorar algum tempo. As reações que vi nos últimos dois dias não são positivas, especialmente das principais organizações do ténis mundial. Espero que outros jogadores sintam a importância da sua participação na discussão e no tratamento de todos estes temas relevantes para eles e para todos os outros jogadores.»
O tenista mais titulado de todos os tempos também destacou alguns dados preocupantes sobre o desporto:
«Alguns estudos sobre a popularidade dos desportos dizem que o ténis é o terceiro ou quarto desporto mais popular do planeta. Acho que partilhamos o terceiro lugar com o críquete. O primeiro é, claro, o futebol. O basquetebol é seguido por quase dois mil milhões de pessoas, e depois vêm o críquete e o ténis, com 1,3 mil milhões. Mas em termos de aproveitamento do potencial e valor comercial, estamos em nono ou décimo lugar.»
Djokovic começa a sua participação em Miami esta sexta-feira, às 19h30, contra o australiano Rinky Hijikata, 86.º do ranking mundial.