Com a mesma brancura e tradição, haverá nova rainha em Wimbledon?

Ténis Com a mesma brancura e tradição, haverá nova rainha em Wimbledon?

TÉNIS01.07.202322:55

Só sete anos depois da primeira edição de Wimbledon, em 1877, é que o All England Club abriu os courts às mulheres que, esta segunda-feira, iniciam a 129.ª edição do torneio de saias, 55.ª desde o início da Era Open em 1968 e com ela a introdução do prize-money, igual agora para homens e mulheres, sendo que aos campeões estão reservados 1.3 milhões de euros.

Catedral do ténis, pelo branco imaculado das vestes, o lilás das flores a serpentear nos canteiros a serpentear pelo verde predominante da relva, Wimbledon tem uma aura especial e ninguém fica indiferente ao terceiro Grand Slam da temporada.

Elena Rybakina, cazaque nascida em Moscovo há 24 anos, é a campeã e terceira cabeça de série que inicia a defesa do título diante de Shelby Rogers, tomba-gigantes norte-americana que lhe ganhou em duas das cinco vezes em que mediram forças. Apesar disso, a última jogadora a erguer o Venus Rosewater Dish sente confiança que não tinha quando entrou as portas do All England Club londrino em 2022.

«Foi o maior feito da minha carreira. Wimbledon é especial para mim. O ano passado sentia-me batida, a época não estava a correr bem, nunca esperei ir tão longe, estava tão nervosa quando cheguei às meias e à final…», recordou a cazaque que, apesar de tudo, parecia uma dama de ferro até à altura em que desabou em lágrimas em frente aos jornalistas. «Queriam ver emoções, não era?!», tentou gracejar, na altura.

Mais segura, Rybakina quer «repetir o resultado» e conta com a experiência a favor. «Agora estão mais motivadas para jogar contra mim, mas estou pronta para isto. Gosto de relva e desde o primeiro torneio na superfície que sei que o ténis é bom para a relva. Sei que vou estar nervosa por jogar no court central, mas vai ser fantástico. Quero mais e continuar a jogar tão bem como o ano passado», declarou a n.º 3 mundial.

Todavia, numa edição em que Venus Williams, cinco vezes campeã (2000, 2001, 2005, 2007 e 2008) e uma das tenistas presentes que têm o nome gravado no Hall of Fame do elitista clube da capital britânica - Simona Halep (2019), Angelique Kerber (2018), Garbiñe Muguruza (2017), Elena Rybakina (2023), Petra Kvitova (2011, 2014) são as restantes -, é também a mais velha aos 43 anos, sendo Mirra Andreeva, de 16, a mais nova no quadro. A cumprir a 23.ª participação em Wimbledon, a norte-americana pode ter a idade contra si, mas sente-se a menina de 17 anos que, em 1997, desfilou pela primeira vez o ténis e as missangas a prender-lhe o cabelo e a estatística sorri-lhe foi apenas perdeu na ronda inaugural em três ocasiões, ganhando as restantes 20. Venus está agora no top-500, mas pode colher algumas flores ainda no jardim do ténis.

Em ano de despedida da antiga número dois mundial, Anett Kontaveit, que anunciou recentemente o fim da carreira aos 27 anos depois de lhe ter sido diagnosticado uma inflamação degenerativa no disco lombar, a polaca Iga Swiatek, também revelou debilidades, embora de gravidade menor e que não são impeditivas da polaca jogar, apesar do susto que apanhou esta semana em que inicia a 67.ª semana consecutiva na liderança do ranking mundial WTA, bem longe das 186 de Steffi Graf ou das 80 de Martina Hingis, aquando das respetivas estreias no topo da hierarquia feminina.

«Estou bem, apesar da noite terrível por que passei. Tivemos de analisar a minha condição com o meu preparador físico [sexta-feira de manhã]. Não estava famosa, porque mal dormi. Tive dores de estômago e não sei o que houve de errado. Mais tarde senti-me bem, por isso tenho a certeza de que vou estar bem», desdramatizou a campeã de Roland Garros que vai entrar em ação no court n.º 1 diante da chinesa Lin Zhu, 33.ª do WTA e primeira não designada da lista de 32 favoritas.  

Mesmo sem nunca ter ido além da quarta ronda, Swiatek é pela sexta vez na carreira principal designada em Grand Slams e, desde 1968, em 25 edições a n.º 1 do torneio arrecadou o título. Campeã em Paris em 2022 e 2023, a polaca ainda é detentora do troféu do US Open. Não obstante a maleita física a n.º 1 mundial garante estar a trabalhar nas aptidões na relva. «O ano passado, acho que fiz um bom trabalho com o meu treinador. Este ano acho que conseguir focar-me no básico e também mais tempo para jogar. Mas estou longe de ser especialista na relva», declarou a campeã júnior de Wimbledon em 2018. O resto será história...