Treinador sai em definitivo de Alvalade e informou Frederico Varandas que só quer receber até ao dia em que se manteve em funções. A BOLA revela os pontos que acabaram por precipitar a saída daquela que era a aposta do presidente
Fim da linha para João Pereira. De todas as funções no Sporting. O jovem treinador de 40 anos, que foi nomeado como sucessor de Ruben Amorim, sai em definitivo dos leões e, sabe A BOLA, abdicou de receber a indemnização a que tinha direito por ter sido despedido após o empate de Barcelos.
O treinador, recorde-se, tinha contrato com o clube leonino até junho de 2027, e uma cláusula de rescisão alta — como informou o próprio presidente Frederico Varandas aquando da sua apresentação, embora sem revelar valores. Após o empate sem golos com o Gil Vicente, o Sporting decidiu quebrar o acordo que tinha e o treinador foi informado, pelo próprio Frederico Varandas, que a ligação ao Sporting terminaria naquele jogo.
Perante a decisão de mais uma mudança no comando técnico, João Pereira, por sua vez, fez questão de deixar claro, garantiu a A BOLA fonte próxima, que abdicaria de receber qualquer valor do Sporting para além do respeitante aos dias de trabalho enquanto treinador da equipa principal. Assim, por uma questão de honra e pela relação sentimental com o clube, dizem-nos, «como sportinguista João Pereira abdicou de tudo» o que, diga-se, acabou até por facilitar a transição no banco do Sporting.
DECISÃO DO AFASTAMENTO PARTIU DA SAD
Depois de oito jogos no comando técnico da principal, nos quais terminou com três vitórias, quatro derrotas e um empate, João Pereira viu terminar o sonho de treinar o emblema do coração, cessando a longa relação contratual com o clube, desde os tempos em que deixou os relvados com a camisola dos leões, em 2020/2021. Depois de passagens pelos sub-23 e equipa B, João Pereira, com esta demissão avançada pela SAD, irá mesmo abandonar o clube em definitivo, estando afastada a possibilidade de continuar ligado ao emblema verde e branco com outro tipo de funções.
Apresenta-se esta quinta-feira ao trabalho, conhece os jogadores e todo o staff e orienta o treino. Frederico Varandas adia viagem para o Dubai, onde os leões estarão representados no Globe Soccer Awards para estar com o novo técnico
Para gerir, durante os próximos tempos, João Pereira terá os maus resultados que deixaram imagem negativa nos seus primeiros passos como treinador de equipa principal e terá um longo trabalho emocional para gerir antes de estar preparado para voltar a treinar, algo que pretenderá voltar a fazer.
QUESTÕES TÁTICAS E CRENÇA DO PLANTEL PESARAM...
Pois então... emerge uma questão: afinal o que levou à saída de João Pereira após as muitas manifestações públicas de confiança por parte de Frederico Varandas? Ao que A BOLA apurou a decisão do afastamento assentou em alguns pontos. Começando pelas dúvidas táticas, as quais, acabaram por nunca serem muito claras. Apesar de manter o sistema (3x4x3) de Ruben Amorim, a forma de ver (e ler) o jogo de João Pereira — com muito jogo interior e cruzamentos em demasia — acabou por não convencer o grupo nesta nova versão do leões. E, sem uma trajetória sólida de resultados, a crença foi caindo, com poucos a prespetivarem uma margem de evolução no renovado processo de aprendizagem. Esse ponto, aliado ao choque emocional com a saída de Amorim, a equipa vinha perdendo fulgor e confiança na aposta em João Pereira.
Apesar de ninguém se colocar à margem, ou de tentativas de confronto de ideias, a falta de crença acabaria por ser decisiva na tomada de posição de Frederico Varandas, que, diga-se em boa verdade, sempre viu em João Pereira não como um culpado da quebra de rendimento, mas um vítima das circunstâncias motivadas, também, pela ausência de jogadores importantes por lesão.