Andebol do Benfica abalado por ‘esquema’ de autofinanciamento

Andebol do Benfica abalado por ‘esquema’ de autofinanciamento

ANDEBOL26.09.202312:05

Team manager Leandro Alves está suspenso depois de departamento jurídico ter encontrado várias irregularidades

artigo atualizado: quarta-feira, dia 27, 17h08

O team manager de andebol do Benfica, Leandro Alves, está suspenso desde agosto por ser o protagonista de um esquema que fazia entrar dinheiro ‘por fora’ nos bolsos dos jogadores. Uma espécie de 'saco azul'.

Em agosto, um elemento da seção denunciou internamente o caso: tinham sido cobrados indevidamente 10 mil euros a dois jogadores da formação. O alerta motivou que os encarnados entregassem de imediato o caso aos advogados do clube, que depressa encontraram mais motivos de alarme. Leandro Alves tinha prometido, verbalmente e por escrito, extras aos jogadores com quem negociava e que não podiam ser comparticipados pelo Benfica, como mais viagens para os países de origem ou mesmo artigos para as respetivas habitações, apurou A BOLA.

Este esquema de autofinanciamento, que retirava de uns (formação) para dar a outros (equipa sénior, montada para atacar um título que lhe foge há muito tempo, desde 2007/08), era usado pelo team manager em praticamente todos os acordos com os reforços contratados, previamente identificados pela estrutura. 

No Benfica, o andebol, modalidade 'premium', é a única em que alguém como um team manager tem poder para negociar sozinho. Fernando Tavares é o vice-presidente das modalidades e gere um orçamento de mais de 30 milhões de euros para todas elas. Só o andebol anda à volta de 2,8 milhões. Rui Lança ocupa o cargo de diretor desportivo, porém, apurou ainda A BOLA, está afastado de decisões no andebol há mais de um ano. Leandro Alves tomou praticamente todas as decisões sozinho. Nos outros desportos, o processo de contratações é mais estruturado.

O departamento jurídico descobriu na sua investigação que praticamente todos os jogadores têm valores pendentes que não constam dos respetivos contratos e, na sua posse, documentos que o comprovam. 

Leandro Alves está suspenso desde agosto. Tal como um técnico de equipamentos, e um treinador e um responsável da formação. 

A situação gera um óbvio problema de balneário, com os resultados a demonstrá-lo, mas também volta a expor Fernando Tavares. Com a saída do co-CEO Domingos Soares de Oliveira no final do mês – será substituído por Luís Mendes –, Fernando Tavares poderia aproveitar a grande influência que mantém na estrutura pelos resultados recentes conseguidos, pelo dinheiro que movimenta no cargo e por todos os anos que acumula enquanto dirigente para se chegar mais acima na estrutura. 

Agora, e já depois de ter resistido à decisão de ter de responder em julgamento pelo crime de «recebimento indevido de vantagem» no âmbito da Operação Lex – internamente a acusação, sustentada em boa parte na oferta de bilhetes, foi considerada descabida – sofre novo golpe que pode afetar a sua imagem. 

Leandro Alves, entretanto, já reagiu e alega «inverdades» na notícia, ao mesmo tempo que aponta para a sua «resposta à nota de culpa e toda a prova documental anexa» entregue ao departamento jurídico dos encarnados.